Embora tenha recibido o resultado da perícia sobre os documentos de defesa apresentados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por volta das 18 horas da terça-feira, o presidente do Conselho de Ética, senador Sibá Machado (PT-AC), só disponibilizou o laudo preparado pelos peritos da Polícia Federal para os demais conselheiros depois das 22h. O único que conseguiu ter acesso antes foi o próprio Renan, a quem Sibá mandou entregar uma cópia em mãos mesmo ele já tendo saído do Senado. O GLOBO teve acesso ao documento assinado pelo perito Glênio Guimarães Belucio, que logo na introdução atesta que, "em virtude do curto espaço de tempo delimitado, os exames periciais não puderam ser aprofundados a ponto de responder conclusivamente todos os quesitos".
O laudo apresentado pela PF atesta ainda que foram apresentadas pelo menos 100 cópias de Guia de Transportes de Animais (GTAs), mas que elas estavam totalmente desvinculadas das notas fiscais de venda do gado de propriedade do presidente do Senado. "A ausência de formalização do número da nota fiscal de venda no corpo do respectivo GTA, bem como a ausência do número da GTA no corpo da respectiva nota fiscal, impossibilitou a vinculação dos referidos documentos e a consequente correlação dos animais vendidos com os efetivamente entregues", ressalta o perito num dos trechos de seu relatório.
O texto distribuído aos titulares e suplentes do Conselho de Ética - que tem reunião marcada para esta quarta-feira às 13h30m para a retomada da votação do parecer do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que propõe o arquivamento do processo contra Renan - informa ainda que, "os valores e datas dos recibos das vendas de gado e os valores depositados na conta corrente número 232252-8, mantida na agência 2636-0 do Banco do Brasil em nome de Renan Calheiros, não identificam divergências, contudo, os extratos bancários não informam dados individualizados dos chques, tais como número, agência e banco sacados".
Logo depois de receber uma cópia do laudo da PF, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) admitiu que não se sente à vontade para votar nesta quarta-feira o relatório do senador Cafeteira.
- Apenas com uma explicação mais completa do Renan e a apresentação de novos documentos é que acho que estarei pronto para votar o relatório - justificou Suplicy.