A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (13) a 18.ª fase da Lava Jato, batizada de Pixuleco II. O foco das investigações são contratos no âmbito do Ministério do Planejamento. A operação detectou pagamentos de R$ 7,2 milhões, sem justificativa aparente, a um advogado eleitoral próximo do ex-titular da pasta Paulo Bernardo e da mulher dele, a senadora Gleisi Hoffmann, ambos do PT paranaense (leia mais abaixo).
Os nomes dos dois não foram citados por investigadores nem pelo juiz Sergio Moro, mas a nova fase da Lava Jato acendeu o sinal amarelo no Planalto porque as investigações chegam à Esplanada dos Ministérios.
Advogado da campanha de Gleisi e do PT é suspeito de intermediar propina
Leia a matéria completaVeja como funcionaria o suposto esquema
Os investigadores acreditam ainda terem se deparado com um novo modo de mascarar o repasse de vantagens indevidas: escritórios de advocacia. Quatro escritórios foram alvo da operação.
O ex-vereador de uma cidade no interior de São Paulo Alexandre Romano (PT) foi preso temporariamente e outros dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Curitiba, Porto Alegre, Brasília e São Paulo. Romano foi trazido para a carceragem da PF em Curitiba.
A PF informou que Romano foi identificado como novo operador do esquema já na fase anterior – Pixuleco – que prendeu o ex-ministro José Dirceu. Segundo a PF, Romano é suspeito de arrecadar valores relacionados a vantagens indevidas que superam R$ 50 milhões a partir de contratos de crédito consignado junto ao Planejamento. De acordo com as investigações, 20% do valor teria sido utilizado para pagamento de prestação de serviço inexistente. O dinheiro foi destinado à empresa Jamp do delator Milton Pascowitch que já afirmou ter repassado recursos ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari.
“Hoje a Lava Jato, a partir das investigações, apresenta provas de corrupção consistentes na Petrobras e suas subsidiárias, na Caixa Econômica Federal, na Eletrobras. O que nós vemos nessa nova fase é que esse grande esquema ilícito transbordou essas fronteiras”, diz o procurador do Ministério Público Federal Roberson Pozzobon.
Segundo o despacho de prisão temporária, assinado por Sergio Moro, a Consist teria iniciado os pagamentos de vantagens indevidas depois da celebração de um acordo de cooperação entre o Planejamento e a Associação Brasileira dos Bancos (ABBC) e o Sindicato das Entidades Abertas de Previdência Privada (Sinapp).
Segundo a PF, o acordo “possibilitou à empresa Consist contratar indiretamente com o poder público sem qualquer procedimento licitatório prévio”. O contrato “guarda chuva” entre a Consist, a ABBC e o Sinapp foi assinado em abril de 2010. “É possível que os pagamentos sem causa da Consist a Milton Pascowitch e a Alexandre Romano estejam relacionados ao benefício por ela obtido junto ao Ministério do Planejamento”, aponta Moro.
Segundo um dos delegados da PF, o empresário Pablo Kipersmit, presidente da Consist Informática, preso em Curitiba, disse em depoimento que pagou à Jamp de Milton Pascowitch, lobista, R$ 10,7 milhões por consultoria ao Ministério da Previdência.
O Planejamento informou que vai rescindir o contrato com o Sinapp e a ABBC.
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