O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa pode deixar a cadeia nos próximos dias. Segundo a edição antecipada de domingo do jornal "O Estado de S. Paulo", a liberação faria parte de um acordo de delação premiada feito entre Costa e o Ministério Público Federal do Paraná. O ex-diretor teria se comprometido a devolver cerca de US$ 23 milhões desviados pelo esquema depositados em cinco contas na Suíça.
A decisão de liberar ou não o ex-diretor da Petrobras caberá ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, que atua no caso desde a revelação da participação de políticos no esquema. Segundo informações do jornal "O Estado de S. Paulo", Paulo Roberto já era para ter deixado a sede da Polícia Federal (PF) na sexta-feira, mas, por conta do volume de informações reveladas pelo ex-executivo, sua saída foi adiada.
Apesar da possibilidade de ter a pena reduzida por conta das informações repassadas a PF, Paulo Roberto Costa não se livrará do processo e poderá ser condenado a até cinco anos de prisão, segundo o jornal. Fora da cadeia, o ex-diretor da Petrobras terá que usar tornozeleira eletrônica.
Ainda de acordo com a publicação, o procurador-geral da Suíça, Michael Lauber, teria confirmado que contas ligadas a envolvidos no escândalo estariam sendo investigadas. Aos investigadores, Paulo Roberto teria admitido ter mandado US$ 23 milhões desviados no esquema.
Entenda o caso
Paulo Roberto Costa, preso em março na Operação Lava Jato, aceitou dar detalhes sobre esquema de desvio de dinheiro de contratos da estatal com empresas. Após acordo de delação premiada, o ex-diretor teria denunciado pelo menos 25 políticos vinculados a três partidos (PT, PMDB e PP). A revelação de parte do conteúdo dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras provocou muita tensão nos comitês das campanhas da presidente Dilma Rousseff (PT) e da ex-senadora Marina Silva (PSB).
De acordo com reportagem publicada pela revista "Veja", Paulo Roberto Costa teria citado os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB); a governadora Roseana Sarney (PMDB-MA); o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB); o ministro Edison Lobão (Minas e Energia); o presidente do PP, Ciro Nogueira; o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto; o senador Romero Jucá (PMDB-RR); e os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP), Mário Negromonte (PP-BA) e João Pizzolatti (PP-SC).
Conheça a Operação Lava Jato
A Operação Lava Jato foi deflagrada em 17 de março pela Polícia Federal (PF) para investigar um suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Na época, foram presas 24 pessoas, entre elas o doleiro Alberto Youssef. Os detidos foram acusados de participar de uma organização criminosa que tinha o objetivo de lavar R$ 10 bilhões oriundos de desvio de dinheiro público, tráfico de drogas e contrabando de pedras preciosas.
A operação colocou sob suspeita contratos assinados pela Petrobras, após a prisão de Paulo Roberto Costa, no dia 20 de março, sob acusação de envolvimento com o doleiro Youssef. Costa, que foi detido quando queimava documentos que poderiam se configurar como provas do envolvimento, reconheceu, na época, ter recebido de Youssef um carro de luxo. Ele alegou, no entanto, que o presente seria o pagamento por uma consultoria prestada.
Empreiteiras suspeitas de abastecer o esquema de Youssef e do ex-diretor da Petrobras declararam à Receita Federal os pagamentos feitos a empresas dos dois principais acusados na Operação Lava Jato. Documentos comprovaram repasses, como consta nas declarações de retenção de impostos das próprias empreiteiras. Entre as depositantes estão as construtoras OAS, Mendes Júnior e Camargo Corrêa, apontadas pela contadora do doleiro Meire Bonfim Poza como integrantes do esquema.
O escândalo do doleiro Youssef respingou ainda sobre o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP) e levou o deputado federal André Vargas a se desfiliar do PT para manter o mandato. Vargas é suspeito de fazer parte de um esquema de tráfico de influência e lobby em favor de Youssef junto ao Ministério da Saúde. Vargas também usou um jato providenciado pelo doleiro para fazer uma viagem familiar e teria se beneficiado de uma série de outros favores.
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