PF cumpriu mandados judiciais em quatro estados| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Depoimentos envolvem novas diretorias e isentam Graça

O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco citou o nome de dois novos funcionários e duas novas diretorias da estatal em seus depoimentos em regime de delação premiada. De acordo com Barusco, o ex-diretor Jorge Zelada, que assumiu a Diretoria Internacional depois de Nestor Cerveró, e o ex-gerente executivo Pedro Gonçalves, que ocupou o cargo que era de Barusco, teriam recebido propina.

Segundo Barusco, também os contratos da Diretoria de Óleo e Gás e da Diretoria de Exploração e Produção implicavam o pagamento, pelos fornecedores, de um porcentual em "comissões" que oscilava de 1% a 2% sobre o valor dos contratos. O delator, por outro lado, disse que os diretores da época não sabiam da corrupção.

Um dos focos de corrupção envolvia, segundo Barusco, navios relacionados à exploração do pré-sal.

Até aqui, são investigados na Operação Lava Jato os ex-diretores das áreas de Serviços (Renato Duque), Abastecimento (Paulo Roberto Costa) e Internacional (Nestor Cerveró).

Barusco declarou à força-tarefa da Lava Jato: "O pagamento de propinas dentro da Petrobras era algo ‘endêmico’ e institucionalizado".

Gás e Energia

Sobre a Diretoria de Gás e Energia, o delator apontou que os diretores da pasta foram Ildo Sauer e depois Graça Foster, que anunciou sua saída da presidência da estatal nesta semana.

Segundo Barusco, quando a propina envolvia essa diretoria, o valor era entre 1% e 2% do contrato, sendo "mais próximo de 2%". Desse valor, metade era do PT e a outra metade era divida entre Barusco e Duque.

O ex-gerente disse acreditar que Sauer e Graça Foster não soubessem dos desvios. "Não tinha espaço para conversar essas coisa com Ildo Sauer e com Graça Foster", disse.

Odebrecht

Barusco afirmou à Polícia Federal que recebeu cerca de US$ 1 milhão de propina da Odebrecht por meio de contas no Panamá. A Odebrecht "nega veementemente".

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Graça Foster já anunciou sua saída da presidência da Petrobras
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A Polícia Federal deflagrou ontem a nona fase da Operação Lava Jato. Foram expedidos 62 mandados judiciais: um de prisão preventiva no estado do Rio de Janeiro, três de prisão temporária em Santa Catarina, 18 de condução coercitiva – quando a pessoa é levada à delegacia para depor – e 40 de busca e apreensão nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

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O tesoureiro do PT João Vaccari foi alvo de um dos mandados de prisão coercitiva, segundo a PF. Ele prestou depoimento pela manhã e foi liberado.

A nona fase da operação foca em dois núcleos de operação dentro da Petrobras: a Diretoria de Serviços e a BR Distribuidora. De acordo com o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula, um operador do esquema interliga as duas áreas. Ele teve a prisão preventiva decretada.

No núcleo da Diretoria de Serviços a força-tarefa que investiga a Lava Jato identificou 11 novos operadores do esquema. Em seus depoimentos em regime de delação premiada, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco citou quem seriam os operadores do esquema dentro da diretoria. Entre os nomes está Júlio Camargo, que firmou acordo de delação premiada.

Já no núcleo da BR Distribuidora, a empresa Arxo, de Santa Catarina, é investigada por fraudar licitações. Três mandados de prisão temporária foram expedidos para executivos da empresa. Apenas um sócio não foi localizado, pois está em viagem ao exterior.

A Arxo foi o maior alvo da operação. A empresa atua no ramo de fabricação de tanques de combustíveis e caminhões de abastecimento e mantém contratos com a BR Distribuidora. A PF encontrou dinheiro escondido na sede da empresa, em Piçarras.

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Mandados

De acordo com a PF, os mandados de busca e apreensão estavam sendo cumpridos em 26 empresas.

De acordo com os investigadores, grande parte das empresas é de fachada, mas também há empresas que atuam licitamente e ilicitamente ao mesmo tempo. O ramo de atuação das empresas é variado. "As empresas são basicamente voltadas à prestação de serviços para empresas com contratos na diretoria de serviços", disse o procurador regional da República de São Paulo Carlos Fernando dos Santos Lima.

Sem empreiteira

A nova fase da operação não se restringe a atuação das empreiteiras que firmaram contratos com a Petrobras. De acordo com Lima, o ramo de atuação das 26 empresas alvos de mandados de busca e apreensão são variados e nenhuma empreiteira faz parte da lista.

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Empresa de SC tinha dinheiro escondido

A empresa Arxo, em Santa Catarina, que foi alvo de mandados de busca e apreensão na nona fase da operação Lava Jato, tinha uma grande quantia de dinheiro escondida, de acordo com a Polícia Federal. A empresa atua na área de fabricação de tanques de combustível e caminhões de abastecimento.

De acordo com o procurador regional da República em São Paulo Carlos Fernando dos Santos Lima, a empresa mantém contratos com a BR Distribuidora. Segundo Lima, há suspeita de fraudes em licitações nos contratos da Arxo com a BR Distribuidora. Lima disse, ainda, que o esquema operou por meio da empresa até o final do ano passado.

Segundo o procurador, parte do dinheiro apreendido estava no cofre da empresa e outra parte estava escondida. A PF ainda não sabe dizer o valor apreendido.

Outro lado

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Em nota, a empresa afirmou que o setor administrativo suspendeu as atividades para prestar informações à Receita Federal e à Polícia Federal. "A intenção da empresa é contribuir com o trabalho das autoridades, ajudando-os com todo e qualquer esclarecimento necessário", diz.