Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, não abrem mão da ampla confissão do empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht em um eventual acordo de delação premiada. O Grupo Odebrecht tornou pública na quarta-feira (23), a intenção de executivos da empresa de fechar uma colaboração efetiva com os investigadores, em busca de redução de pena. Preso desde 19 de junho de 2015 e condenado pelo juiz federal Sergio Moro a 19 anos de prisão, no mês passado, em um primeiro processo em que foi réu, Odebrecht estaria entre os executivos que buscam acordo. O Ministério Público Federal (MPF) quer saber detalhes que possam comprovar a suposta participação do ex-presidente Lula no esquema.
Além de confessar ter conhecimento e ascendência sobre o “departamento da propina” desvelado pela Operação Xepa – 26.ª fase da Lava Jato deflagrada na terça-feira –, procuradores da força-tarefa querem detalhes sobre a corrupção em outras obras e áreas do governo. Algumas delas já estão no radar da Lava Jato, como o setor de plataformas na Petrobras; o estádio Itaquerão, em São Paulo; o Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, entre outras.
Lula
Outro ponto considerado essencial para investigadores em eventual negociação é que os executivos do Grupo Odebrecht revelem dados sobre os pagamentos de palestras, doações e reformas feitas em benefício do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, de tirar das mãos de Sergio Moro, em Curitiba, os inquéritos envolvendo o ex-presidente, as informações podem interessar à Procuradoria-Geral da República, e não mais aos investigadores paranaenses.
Odebrecht pode negociar seu acordo tanto com a Justiça em Curitiba, como no STF – nesta situação, nos casos dos processos envolvendo alvos com foro privilegiado. Na nota da Odebrecht, o grupo deu indicativo de que quer falar sobre doações eleitorais: “Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Lava Jato – que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país – seguimos acreditando no Brasil”, diz a nota da empresa.
A tentativa de negociação de uma delação premiada por executivos do Grupo Odebrecht começou mal, na avaliação dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. Na nota de esclarecimento divulgada na quarta-feira, em que afirmou não existir sequer negociação iniciada sobre acordos de colaboração com executivos ou leniência com o Grupo Odebrecht, a força-tarefa critica a divulgação do acordo.
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