Em café da manhã oferecido nesta terça-feira (10) aos jornalistas, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), criticou a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de revogar o ato dele próprio que anulava a votação do impeachment na Câmara.
Segundo Guimarães, Maranhão sofreu pressão forte para tomar tal atitude, mas o recuo não é bom porque na política é preciso ter lado.
Indagado sobre a pressão feita pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, para que Maranhão decidisse pela anulação da sessão, Guimarães rebateu com novo questionamento e perguntando se isso era relevante.
“Cardozo conversou com ele, o Flávio Dino ( governador da Maranhão) também. Qual o mal disso? E de noite, a oposição pressionou e ele mudou a decisão. Não tenho dúvida que foi por pressão que ele revogou. Não ficou bem. Na política ter que ter lado, tem que perfilar e caminhar. A sociedade prefere a transparência do que ficar mudando de galho em galho”, disse o líder do governo, defendendo, no entanto, o direito de Maranhão de permanecer no cargo e na interinidade da Presidência da Casa.
Guimarães também criticou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por ter ignorado a decisão de Maranhão e ter dado prosseguimento ao processo de impeachment na Casa. Ele disse que não esperava que Renan tomasse tal atitude e que a recebe “com tristeza”.
O líder do governo garantiu no entanto, que mesmo que o Senado acolha a abertura do processo, a presidente Dilma Rousseff não será abandonada pelo PT. Guimarães disse acreditar que o governo conseguirá reverter, com a pressão das ruas, a votação no Senado no julgamento de mérito. Para ele, Dilma está com mais apoio agora do que quando iniciou o processo de impeachment na Câmara.
“A força da presidente Dilma está nas ruas. Não abandonamos ela quando ela tinha 8% de popularidade e não faremos isso agora que ela tem 30% e no Nordeste é 50% de aprovação. Do dia 18 (de abril, um dia após o impeachment) para cá temos tido muitas manifestações de rua, todas a favor da democracia”, disse Guimarães.
Mesmo reforçando que ainda espera a reversão do processo no Senado, o líder afirmou que em caso de saída definitiva dela do poder, é natural que o PT e os partidos de esquerda façam oposição ao governo de Michel Temer:
“O governo nasce de uma profunda ilegitimidade. A esquerda não tem outra postura a não ser ir para a oposição. Mas é cedo para isso. Prefiro apostar que seremos vitoriosos”, disse.
Guimarães também voltou a dizer que são falsas informações que estão circulando nas redes sociais sobre a renúncia de Dilma. “É invenção, ela não foge à luta!”.
Como a PF costurou diferentes tramas para indiciar Bolsonaro
Problemas para Alexandre de Moraes na operação contra Bolsonaro e militares; acompanhe o Sem Rodeios
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Enquete: como o Brasil deve responder ao boicote de empresas francesas à carne do Mercosul?
Deixe sua opinião