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Belinati, nesta campanha: 12 anos depois, ele carrega o peso de uma cassação e de um período preso | Roberto Custódio/Jornal de Londrina
Belinati, nesta campanha: 12 anos depois, ele carrega o peso de uma cassação e de um período preso| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

Dois estilos de gestão em jogo

Os mais de 240 mil eleitores londrinenses decidirão hoje quem será o próximo prefeito – Luiz Carlos Hauly (PSDB) ou Antonio Belinati (PP). Depois de oito anos de administração petista, encabeçada por Nedson Micheleti, a próxima gestão poderá continuar ou romper um ciclo que começou em 1988 e vem alternando PT e Belinati no poder municipal desde então.

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  • Veja que Belinati teve um desempenho melhor que Hauly no 1º turno

Londrina - Após se enfrentarem no segundo turno de 1996, Antonio Belinati (PP) e Luiz Carlos Hauly (PSDB) encontram-se novamente na luta pela prefeitura de Londrina. Doze anos depois do primeiro embate, o único fator que promete se repetir é o acirramento da disputa, já que nesses últimos 12 anos muita coisa mudou no cenário político londrinense.

Em 1996, Londrina tinha 261,3 mil eleitores, dos quais pouco mais de 211 mil compareceram às urnas no segundo turno. A vitória de Belinati não pôde ser considerada como uma novidade em si, já que ele, na época filiado ao PDT, assumiria pela terceira vez a cadeira de prefeito de Londrina, batendo Hauly com 52,7% dos votos válidos.

O cenário político em 96 era completamente diferente, diz Bianco Zalmora Garcia, professor de ética e filosofia política da Universidade Estadual de Londrina (UEL). "No âmbito estadual tínhamos o governo Jaime Lerner, que era do mesmo partido de Belinati (PDT) e tinha como vice Emília Belinati, ex-mulher de Belinati. Do outro lado, Hauly, que já era deputado federal e pertencia ao grupo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, no auge de seu governo", afirma Garcia. Apesar de quase vencer no primeiro turno, com 48,8% dos votos válidos, Belinati encontrou uma grande força contrária na segunda etapa do pleito.

"Mas o deslocamento das forças de Jaime Lerner para Londrina, já que Curitiba não teve segundo turno, foi fundamental para decidir as eleições", aponta o também professor da UEL Marco Rossi, que lembra ainda que até mesmo os movimentos de esquerda, como o PT, apoiaram Belinati na época, em razão do antagonismo histórico entre tucanos e petistas.

Em 96, de acordo com Rossi, Belinati carregava o peso típico de quem já havia passado por mandatos anteriores. Mas, segundo o professor, não era nada comparado ao que Belinati carrega hoje, depois da cassação e do período em que foi preso. "Ele havia renunciado ao primeiro mandato e tinha de explicar a venda de parte da Sercomtel (empresa de telefonia da prefeitura). Mesmo assim, acabou vencedor", diz.

Na época, Hauly também tinha um "estigma": era considerado neoliberal, talvez até demais para uma cidade que sairia de um mandato do PT, encabeçado pelo então petista Luiz Eduardo Cheida.

Quadro atual

Os anos passaram e com eles muita coisa mudou. Atualmente, tanto Belinati quanto Hauly são de oposição à prefeitura (hoje comandada pelo petista Nedson Micheletti). "Os papéis mudaram. O cenário político nacional se inverteu. Mas, em Londrina não mudou muito, até porque há uma alternância entre PT e Belinati que dura 20 anos", comenta Garcia.

O professor da UEL destaca ainda que a figura de Belinati se desgastou muito em seu último mandato – por causa dos escândalos que atingiram seu nome, o suposto envolvimento em desvios de recursos públicos, a cassação de maio de 2000 e as prisões de 2001. "Criou-se uma onda anti-Belinati. Hoje, pode custar caro a um partido declarar seu apoio a ele. Em uma análise mais profunda, seria de se esperar que o PT apoiasse o ex-prefeito, mas declarou apoio ao inimigo histórico (Hauly). Agora, imagine a cara do petista tendo de digitar o 45 na urna."

Apesar disso, diz Garcia, a adesão a Belinati do eleitorado mais popular – seu nicho eleitoral – parece não ter mudado muito. "Belinati continua muito popular. Seu eleitor é fiel. E ele também tem o apoio de setores interessados na sua vitória – setores não-políticos –, que tem influência na cidade."

Já Hauly conta agora com uma base de apoio maior que a de 96, que compreende, além do PT, o PMDB de Cheida e o PDT do senador Osmar Dias.

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