A grave crise política e a possibilidade de um impeachment que ronda a presidente Dilma Rousseff (PT) fez com o ex-presidente e principal nome do PT Luiz Inácio Lula da Silva iniciasse um processo de reaproximação com o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos mais importantes políticos da oposição. A informação é o do jornal Folha de S. Paulo. Amigos em comum estão fazendo a intermediação do encontro, segundo a reportagem publicada na edição desta quinta-feira (23).
Ainda não dá uma data para o encontro, que deve ocorrer em agosto, após o retorno de FHC das férias – o tucano viaja pela Europa. Lula quer, na conversa, amenizar a pressão, pelo menos dentro do PSDB, pela saída de Dilma, atormentada pela crise econômica, baixa popularidade, pedaladas fiscais e tendo, ainda, de conter a rebeldia de boa parte do Congresso, liderada pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) – o deputado anunciou a ruptura definitiva com o governo na semana passada.
O Instituto Lula negou qualquer movimentação em torno de um encontro entre os ex-presidentes. Já Fernando Henrique disse à Folha estar aberto para uma conversa com Lula, desde que haja uma agenda em comum para ser discutida. “O presidente Lula tem meus telefones e não precisa de intermediários”, disse.
Essa não seria a primeira movimentação do petista em direção ao principal partido de oposição. Em maio, Lula se encontrou discretamente com o senador José Serra (PSDB-SP) – o tucano não quis confirmar o teor da conversa.
Pedaladas fiscais
Por outro lado, os partidos de oposição querem acelerar a análise das contas do governo no Congresso após a apresentação da defesa do governo ao Tribunal de Contas da União (TCU) no processo das chamadas “pedaladas fiscais”.
O parecer do TCU deve chegar ao Legislativo em agosto, após o julgamento no plenário da Corte. “Acho que agora é que tem que acelerar e votar todas as contas”, disse o líder interino do PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MT). “Tudo o que for aliado da oposição para combater o que está acontecendo no Brasil e, acima de tudo, para confrontar o governo, vamos acelerar o processo.”
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pretende colocar em votação na volta do recesso as contas pendentes de governos anteriores. Mais do que técnico, o tempo de apreciação das contas é político. “Se o rito de apreciação e votação das demais contas fluir, eu até vou seguir a mesma agenda. Se não fluir, evidentemente que a gente pode priorizar esta conta”, afirmou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).
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