A grave crise política e a possibilidade de um impeachment que ronda a presidente Dilma Rousseff fez com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal nome do PT, iniciasse um processo de reaproximação com o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos mais importantes políticos da oposição. A informação é do jornal Folha de S. Paulo. Amigos em comum estão fazendo a intermediação do encontro, segundo a reportagem.
PMDB quer entregar principais cargos em novas CPIs à oposição
Relatorias devem ser entregues possivelmente ao DEM; líder do PT se mobiliza para evitar exclusão do partido
- brasília
A bancada do PMDB na Câmara Federal articula para deixar o PT de fora e entregar à oposição alguns dos principais cargos de duas CPIs com potencial para tirar o sossego do governo neste segundo semestre: a do BNDES e a dos Fundos de Pensão. A previsão é que os peemedebistas, que têm direito a fazer a primeira escolha nas comissões por serem a maior bancada na Casa, ocupem a presidência em ambas as CPIs. As relatorias devem ser entregues a um partido da oposição – possivelmente o DEM – e a outro partido da base.
A divisão dos cargos segue o critério de tamanho das bancadas, mas sempre é feita por acordo entre os partidos. No final de fevereiro, um acordo entre PMDB e PT possibilitou a indicação de Luiz Sérgio (PT-RJ) para a relatoria da CPI da Petrobras. O nome não era o favorito entre os petistas, mas a bancada acabou tendo que aceitar a indicação por imposição do PMDB.
Desta vez, peemedebistas pretendem excluir o PT do comando das duas CPIs. A decisão será tomada em reunião dos líderes no início de agosto.
Ainda não há uma data para o encontro, que deve ocorrer em agosto, após o retorno de FHC das férias – o tucano viaja pela Europa. Lula quer, na conversa, amenizar a pressão, pelo menos dentro do PSDB, pela saída de Dilma, atormentada pela crise econômica, baixa popularidade, pedaladas fiscais e rebeldia de boa parte do Congresso, liderada pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB).
O Instituto Lula, por sua vez, negou qualquer movimentação em torno de um encontro. Já Fernando Henrique disse à Folha estar aberto para uma conversa com Lula, desde que haja uma agenda em comum para ser discutida. “O presidente Lula tem meus telefones e não precisa de intermediários”, disse.
Essa não seria a primeira movimentação do petista em direção ao principal partido de oposição. Em maio, Lula se encontrou discretamente com o senador José Serra (PSDB-SP) – o tucano não quis confirmar o teor da conversa.
Repercussão
O ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), disse nesta quinta-feira (23) que aplaude a iniciativa de Lula e FHC de se reunirem para discutir a atual situação política brasileira. Wagner, que afirmou não ter recebido a informação do encontro, disse que a pauta não deveria se restringir a um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os dois presidentes teriam uma agenda de longo prazo sobre o futuro do país, “muito superior ao impeachment”, afirmou.
O petista reconheceu que o momento é difícil e que demanda dos atores políticos nacionais serenidade e bom senso, duas características que, segundo Wagner, os ex-presidentes têm. O ministro afirmou que a despeito da polarização das últimas eleições, oposição e situação precisam dialogar.
“O encontro de dois ex-presidentes teria uma agenda muito superior a essa, que é conjuntural, sobre a briga da oposição com o governo. Apesar da última campanha dura, não podemos deixar consolidar na alma brasileira, e na política brasileira, uma dicotomia que não se conversa. Países que seguiram esse rumo não tiveram grande destino. Essas posições, governo e oposição, a gente troca. O que a gente não pode perder é o norte”, disse.
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