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Economia em "vitórias" sobre o PR
Um balanço divulgado pela Advocacia-Geral da União (AGU), do biênio 2007/2009, faz propaganda do ministro José Antonio Dias Toffoli "às custas" do Paraná. O relatório aponta que o trabalho do órgão teria gerado uma economia de R$ 476 bilhões no período, que coincide com a gestão do indicado pelo presidente Lula para o STF. Desses valores, R$ 20 bilhões seriam referentes à vitória em uma causa movida pelo estado do Paraná e que cobra o repasse de recursos da União referentes à construção da ferrovia Apucarana-Ponta Grossa, nos anos 1970. Outra conquista da AGU é a continuidade das obras da hidrelétrica de Mauá, no Rio Tibagi, questionada judicialmente por ambientalistas. (AG)
Brasília - O presidente Lula indicou ontem oficialmente o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Antonio Dias Toffoli, para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele ocupará a cadeira de Carlos Alberto Menezes Direito, que morreu há duas semanas. O ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, também foi nomeado ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
As escolhas não foram surpreendentes. A decisão será publicada hoje no Diário Oficial da União e agora depende do aval do Senado. Os dois nomes serão sabatinados na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa e precisarão de aprovação em plenário da maioria dos 81 senadores.
Por enquanto, apenas Toffoli sofre certa resistência por parte do PSDB, enquanto Múcio Monteiro, que é deputado federal com mandato pelo PTB, não deve encontrar barreiras. "O Toffoli é um militante petista, uma opção descabida. Vamos cobrá-lo", disse o senador Alvaro Dias (PSDB). O paranaense tem liderado as críticas ao jurista, mas o ataque não encontrou adesão entre os demais partidos de oposição, como DEM.
Ontem, o presidente da CCJ, Demóstenes Torres (DEM-GO), indicou Francisco Dornelles (PP-RJ) para relatar a nomeação de Toffoli. As sabatinas devem ocorrer nas próximas duas semanas. De acordo com o regimento do Senado, a sessão é restrita aos 46 membros da comissão, mas não é obrigatório fazer perguntas. As entrevistas são normalmente engessadas e funcionam mais como um espetáculo de bajulação dos indicados do que uma verdadeira aferição de conhecimentos (nunca houve reprovação de um nome para o STF). Como ressaltou Alvaro, Toffoli possui laços estreitos com o PT desde que começou na carreira. O advogado formou-se pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, em 1990, e logo depois foi contratado como assessor jurídico da bancada petista na Assembleia Legislativa de São Paulo. Depois, migrou para a assessoria da legenda na Câmara de Deputados.
A aproximação a Lula ocorreu durante a campanha presidencial de 1998, quando passou a integrar o primeiro escalão da equipe jurídica. Nas duas disputas seguintes, assumiu a chefia da área. Em 2006, teria recebido honorários de R$ 1 milhão pelo trabalho.
Para o professor de Teoria do Estado da Universidade de São Paulo, Edmir Netto de Araújo, a escolha de Lula não pode ser contestada apenas por ser política. "Não estamos falando de uma vaga comum, que possa ser preenchida por concurso público. É um ato exclusivo do presidente, que evidentemente tem implicações políticas."
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deu sinais de que a tese do professor será adotada pelo Senado. "Todo juiz um dia foi advogado e larga essa atividade para se dedicar ao tribunal. Todos abandonam tudo isso."
Nessa mesma linha, a indicação em 2002 do atual presidente do STF, Gilmar Mendes, também pode ser considerada partidária. Assim como Toffoli, Mendes ocupava o cargo de ministro-chefe da AGU quando foi escolhido para o Supremo por Fernando Henrique Cardoso. Por outro lado, Toffoli sofre resistências veladas dentro do próprio STF por questões curriculares além de jovem (tem apenas 41 anos) foi reprovado duas vezes em concursos para a magistratura estadual de São Paulo e não fez mestrado nem doutorado.
Oficialmente, porém, o advogado só tem recebido elogios dos futuros colegas. "Sangue novo é bom. Não vejo problema de ter 41 anos de idade", afirmou Carlos Ayres Britto. Para Mendes, Toffoli "é uma pessoa qualificada, que tem um bom diálogo no tribunal e que vem desenvolvendo um bom trabalho na AGU".
Toffoli tornou-se o oitavo indicado pelo presidente desde 2003. Na atual composição do Senado, restaram dois nomes do período FHC, um do governo José Sarney e outro da gestão Fernando Collor de Melo (ver infográfico). Em agosto de 2010, Lula terá de fazer uma nova escolha para o lugar de Eros Grau, que se aposentará compulsoriamente aos 70 anos.