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Por muito pouco o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não se filiou ontem ao PTB para tentar no próximo ano disputar o governo de Goiás. Foi preciso a intervenção do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e até mesmo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para demovê-lo da idéia. Acabou pesando o argumento de Lula de que era fundamental sua permanência no BC para consolidar a política econômica do governo, que tem seu melhor momento, com a retomada da queda na taxa de juros e com o risco-país no seu menor índice.

Até o início da noite, Meirelles não tinha comunicado aos líderes do PTB sua decisão de não se filiar e desistir da disputa ao governo de Goiás. Em conversas reservadas que teve ontem, demonstrou preocupação com a possibilidade de sua filiação fosse transformada num evento político que poderia causar turbulência na sua atuação no BC.

- Se eu tivesse feito isso mais cedo, não haveria problemas. Mas a decisão de me filiar no limite do prazo pode dar a entender que serei candidato. Imagine a chuva de denúncias. Além disso, em lugar nenhum do mundo existe um presidente do BC candidato - confidenciou Meirelles a amigos.

Na conversa entre Meirelles, Lula e Palocci, a avaliação foi que a troca de comando no BC poderia gerar incertezas para economia. A economia vai bem, o pior já passou, mas a corrida ainda não terminou, comparou Meirelles a interlocutores.

O presidente do Banco Central havia se encontrado ontem com o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, para discutir sua filiação ao PTB. Meirelles mostrara disposição de entrar para o partido em conversa na quarta-feira com o presidente da legenda, Flávio Martinez, e com o deputado Jovair Arantes, presidente do PTB em Goiás.

Demóstenes Torres: PFL vetou filiação de Meirelles

Jovair disse que até ontem as conversas estavam bem adiantadas e que a filiação de Meirelles dependia de uma conversa do presidente do BC com Lula. Segundo o deputado goiano, Meirelles tinha interesse em ter uma participação efetiva na política de Goiás:

- Ele deixou claro que queria ser candidato ao governo de Goiás no próximo ano e o partido colocou-se de braços abertos para recebê-lo.

O PTB não foi o único partido com o qual Meirelles negociou sua filiação. Ele já tinha conversado com dirigentes do PFL, PSDB e PMDB. Antes de desistir de suas pretensões políticas, Meirelles foi criticado pelos políticos de oposição em Goiás. Segundo o senador Demóstenes Torres (PFL-GO), Meirelles foi vetado em seu partido.

- Meirelles está como biruta de aeroporto, esperando o vento para saber onde aterrissa. Ele foi vetado pelo PFL. Como seu poder econômico é grandioso, muita gente se aproxima dele com interesse em sua candidatura.

Meirelles também conversou com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), cujo governo tem o apoio do PTB. Como o PSDB faz oposição a Lula, seria improvável que Meirelles disputasse o governo do estado pelo partido. Nas negociações, Perillo não fechou questão em torno do apoio ao presidente do Banco Central para o governo de Goiás em 2006. Meirelles teve um recente encontro com o prefeito de Goiânia, Íris Rezende, do PMDB. Mas não acertaram qualquer acordo. O PMDB deve lançar no próximo ano a candidatura do senador Maguito Vilela (GO) ao governo estadual.

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