O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, em Madri, que a votação do Congresso que absolveu o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) "não foi impunidade". Lula está em viagem oficial pela Europa e chega ao Brasil no início da semana. Segundo o presidente, a votação no Senado demonstrou que "depois do (ex-presidente Fernando) Collor, o Brasil tem instituições sólidas para julgar".
Em uma conversa com os jornalistas que acompanham a visita à Espanha, Lula comentou também que não teme ter a imagem prejudicada por qualquer acusação de apoio pessoal ou do governo ao senador.
- O povo me conhece bem. Se tem alguém que me conhece no Brasil é o povo brasileiro. O que foi publicado na imprensa como verdade, vai ser visto como verdade. O que for mentira também. Haverá o dia em que as coisas vão ficar claras para todo mundo - disse Lula.
Alheio à pressão dos próprios aliados para que tire uma licença ou ao menos férias de 15 dias, Renan embarcou na manhã de sexta-feira com a mulher Verônica, num avião da Força Aérea Brasileira (FAB), para Maceió , onde passará o fim de semana.
Sem afirmar se acredita ou não na inocência de Renan Calheiros, Lula respondeu que como presidente não julga ninguém.
- Não sou juiz. Estou dizendo há três meses que Renan é o presidente do Senado - declarou.
Mas o presidente enfatizou o direito do senador de rebater as críticas:
- Deus queira que o Brasil seja um país com regras que dêem às pessoas o direito de se defender. Qualquer cidadão que comete um erro tem que saber que há mecanismos para julgá-lo. E é importante que as pessoas acusadas tenham o direito de se defender.
Lula disse que o Senado tomou a decisão que achou melhor para a instituição, e que ainda não falou com Renan Calheiros. Mas está disposto a uma conversa assim que voltar a Brasília.
- Chego lá pela meia-noite de segunda-feira. Quando ele quiser, é só me ligar que vou recebê-lo como sempre - afirmou.
Sobre as críticas da oposição, acusando o governo de apoiar a absolvição do senador, o presidente disse que já esperava essa reação.
- Se dependesse da oposição, eu não governaria o país - lembrou.
O presidente não teme a ameaça dos partidos contrários ao governo de votar contra a CPMF e a Reforma Tributária como retaliação ao caso Renan:
- Quem vai votar contra a CPMF quer que o país não funcione. Eu acho que vai ser aprovada. Não tem um governante que possa prescindir hoje da CPMF.
Lula reconheceu que ele mesmo foi contra a cobrança da taxa quando era da oposição, mas teve que mudar de idéia quando assumiu o governo:
- Eu fui à bancada do PT reclamar da CPMF. Mas não sou um poste, sou um ser humano. Você não governa com principismo. Quando você está no governo, você governa. Os empresários estao ganhando muito dinheiro no Brasil.
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