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Após participar da reunião de cúpula do G-8, na Alemanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu entrevista coletiva nesta sexta-feira e comentou sobre corrupção no país. Segundo o presidente, a Polícia Federal e o Ministério Público devem continuar investigando o que for necessário, e se o combate à corrupção 'dói' para aqueles que estão aparecendo, no dia do julgamento os culpados serão separados dos inocentes.

- Dói. As pessoas que estão aparecendo sofrem. Mas um dia vai para o julgamento e vai aparecer quem é culpado e quem é inocente - afirmou Lula.

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O presidente ainda disse que não é por falta de ficalização que a corrupção no país acontece. Lula voltou a afirmar que não aceita pressão para influir sobre os trabalhos da Polícia Federal.

- O que não falta no Brasil é gente para fiscalizar, e ainda assim acontece. Na medida em que acontece mais, nós não temos o que fazer a não ser colocar a Polícia Federal para investigar. Isso vale pra mim e vale para você. Não aceito pressão pra diminuir a investigação da Polícia Federal e pra diminuir o Ministério Público, até porque é autônomo. A única coisa que peço é para que eles sejam prudentes para não condenarem inocentes e não absolverem culpados. E acho que eles estão fazendo isso direitinho - revelou.

Na Alemanha, o presidente criticou o plano do G-8, grupo de países mais ricos do mundo, sobre o clima mundial . Lula ainda aproveitou o encontro para defender a redução de subsídios agrícolas e pedir a abertura de mercados para países em desenvolvimento .

Nesta semana, investigações da PF na Operação Xeque-Mate revelaram que o irmão mais velho do presidente, Genival Inácio da Silva, o Vavá, de 66 anos, pedia dinheiro a empresários de bingos e caça-níqueis envolvidos em crimes, a pretexto de influir politicamente no Executivo e explorar seu prestígio junto ao Judiciário. Segundo a PF, Vavá — que foi indiciado por exploração de prestígio e tráfico de influência — pedia pequenas quantias, de R$ 2 mil, R$ 3 mil, para favorecer donos de bingos e caça-níqueis presos na Operação Xeque-Mate. Segundo a PF, não há envolvimento direto de Vavá com os jogos de azar nem contrabando, objetos da operação.

- Ele (Vavá) não chegava a efetivar os pedidos, sequer os encaminhava. Mas, de qualquer modo, como irmão do presidente da República, pedia dinheiro a pretexto de influir politicamente nas ações criminosas. E isso é crime - afirmou um delegado da PF que atua no caso e que pediu anonimato.

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Na Alemanha, Lula chegou a evitar o contato com os jornalistas. Desde que chegou a Berlim, na terça à noite, o presidente a maior parte do tempo dentro do prédio da Embaixada do Brasil.

Um dos presos na operação, Andrei Cunha, aceitou o sistema de delação premiada e contou que o irmão do presidente pedia dinheiro. Cunha é ex-gerente de uma casa de caça-níqueis de Nilton Cezar Servo, chefe das quadrilhas investigadas na operação e de quem se tornou desafeto.

Servo, que também está preso com a mulher, os três filhos e funcionários de suas casas de caça-níqueis, espalhadas por Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, é amigo de Vavá e fazia festas em Caraguatatuba, em São Paulo, na casa de praia de Dario Morelli Filho, compadre de Lula.

— Na verdade, o Vavá é um cara simples, quase analfabeto, que enrolava as pessoas, porque não conseguia passar da porta do Palácio do Planalto, não tinha relações para isso — disse outro delegado da Polícia Federal que atua no caso.

O ex-gerente Andrei Cunha contou à PF que Servo costumava ficar irritado com os pedidos de Vavá, que lhe pedia sempre pequenas quantias. Todas as vezes em que Servo ia a Caraguatatuba, Vavá lhe pedia dinheiro, de acordo com Cunha. O advogado de Cunha, Marcelo Dib, confirmou que seu cliente aceitou a delação premiada.

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Dos 80 investigados pela PF, apenas Vavá e o empresário Jamil Name, indiciado ontem em Campo Grande, não foram detidos.