O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou nesta quinta-feira, 3, a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff ter se envolvido em negociações de barganha política para trocar o apoio do PT ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo indeferimento dos pedidos de impeachment apresentados ao Congresso. A decisão do PT de votar contra Cunha no Conselho de Ética da Câmara teria sido um dos motivos para Cunha deferir um dos pedidos de impeachment ontem.
“Não houve acordo, pelo menos eu não sei, ninguém me falou”, afirmou Lula, após participar de reunião com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB). “Conheço a Dilma e é muito difícil alguém imaginar que a Dilma faz barganha”, completou o ex-presidente, mesmo após Cunha declarar, hoje mais cedo, que Dilma mentiu ao dizer em pronunciamento na noite de ontem que o governo não fez barganha em torno do pedido de impeachment.
Lula evitou dizer se Cunha deveria deixar o cargo de presidente da Câmara por conta das suspeitas de envolvimento com casos de corrupção. “Não podemos ficar dependendo apenas do presidente, tem 512 deputados além dele. A maioria dos deputados não quer que o País saia prejudicado, não quer afundar o País. Este é o equívoco do Eduardo Cunha: ele está pensando nele, não está pensando no País”, disse o ex-presidente petista.
Na sede do governo do Rio, Lula elogiou o governador do PMDB, correligionário de Cunha, e destacou que Pezão propôs que Dilma convocasse os governadores em busca de apoio. Segundo Lula, já haveria uma articulação entre os governadores do Nordeste.
O ex-presidente cobrou união para o País sair da crise. “Se a economia não voltar a andar, em casa que não tem pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”, afirmou Lula.
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