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Ex-presidente falou sobre ligação com lobista. | LULA MARQUES/ Agência PT/Fotos Públicas
Ex-presidente falou sobre ligação com lobista.| Foto: LULA MARQUES/ Agência PT/Fotos Públicas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em entrevista ao jornalista Roberto D`Ávila, exibida nesta quarta-feira na Globo News, que caberá ao seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva, explicar a sua relação com o lobista Mauro Marcondes, que é investigada pela Operação Zelotes da Polícia Federal.

“Meu filho sabe o seguinte: ele tem que provar que ele fez a coisa certa. Ele tem que provar. E é importante que seja para ele provar mesmo. Se ele não provar está subordinado à mesma Constituição que eu estou, às mesmas leis que eu estou. É chato? É. Mas é bom”, disse Lula.

A empresa de Luís Cláudio, a LFT Marketing, recebeu R$ 2,5 milhão da Marcondes & Mautoni, firma ligada a Mauro Marcondes que teria feito lobby no Planalto para aprovação de uma medida provisória que beneficiou a indústria automobilística, em 2009.

Questionado por Roberto D´Ávila se ficou surpreso com o fato de uma quadrilha atuar dentro da Petrobras. “Acho o seguinte, acho que foi um susto para mim. E foi um susto para o mundo. Me parece que a história da quadrilha é antiga. Não é nova”.

O ex-presidente se esquivou da responsabilidade sobre a nomeação de diretores da estatal que depois foram envolvidos na Lava Jato. “Eu espero que um dia Deus, vendo tudo que está acontecendo no Brasil, carimbe na testa das pessoas o que ele vai ser quando ele tiver um emprego. Se ele vai ser um ladrão, se não vai ser, se ele vai ser honesto. E você sabe que muitas vezes aquele cara que parece que é um santo, na verdade é um bandido. O que parece bandido é um santo”.

Lula também negou que esteja trabalhando para que Dilma troque Joaquim Levy por Henrique Meirelles, no comando do Ministério da Fazenda . “Eu não quero tirar o Levy, nem quero colocá-lo. O Levy e o ministro da Fazenda é um problema da presidenta Dilma”.

O líder petista argumentou que evitou dar entrevistas, nos últimos anos, para não interferir no governo da sua sucessora. “Um ex-presidente precisa tomar muito cuidado para não dar palpite. É como se o ex-marido fosse aconselhar o novo marido como é que tem que cuidar da mulher. Ou a ex-mulher fosse aconselhar a mulher nova como vai cuidar do marido”, disse.

Voltou ainda a repetir que “um dos erros de Dilma” que agravaram a crise econômica foi manter a política de subsídios.” Por outro lado, disse que a presidente está certa de fazer o ajuste fiscal. “O que está errado é que ele (o ajuste) está demorando demais, e não é culpa dela, porque nós temos uma crise política muito séria. Há uma confrontação de um ano entre o Legislativo e o Executivo, e isso não é bom. O que seria importante é que nós pactuássemos uma saída para este país”.

Em outro trecho, Lula que há uma “crise política difícil de resolver” por causa da falta de controle sobre os partidos e as bancadas. “Mas me parece que o Eduardo Cunha tem um poder muito grande dentro da Câmara. Ou seja, líder do PMDB parece que não tem a força que parecia que tinha. Antigamente, você resolvia isso conversando com ministro. E o ministro de cada partido entregava os votos. E depois você conversava com o líder, e o líder entregava os votos. Hoje, não tem mais essa representatividade. Os presidentes não mandam mais nos partidos. Os ministros não coordenam mais as suas bases, e os líderes também não”.

Questionado sobre a viabilidade de ex-presidentes se reunirem para discutir a crise, Lula afirmou que a iniciativa de convocar uma conversa desse tipo deveria caber a Dilma. “Eu acho que se um dia a presidenta Dilma quiser ter uma conversa com ex-presidentes e lideranças. Fiz isso a vida inteira. Se você conversar uma vez e não tiver uma proposta concreta, você desmoraliza a proposta política”.

Afirmou ainda que a “sociedade está desesperançada porque há muito tempo tem uma política determinada de setores do meio de comunicação de negar a política”.

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