Em um pronunciamento na sede do Diretório Nacional do PT, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Aletheia, deflagrada nesta sexta-feira (4), classificou de “show midiático” a ação feita pela manhã que o levou em condução coercitiva à delegacia. Lula garantiu: “não devo e não temo”. Em seguida, falando a jornalistas, ele disse que se sentiu “prisioneiro hoje de manhã”.
Lula teve sigilos bancário e fiscal quebrados e cogitou virar ministro
Entenda quais são as investigações que cercam Lula
“Eu gosto de Curitiba”
Lula reforçou em sua fala que o juiz Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato, poderia tê-lo intimado. “Poderia ter mandado um comunicado. Ô seu Luiz Inácio, quer prestar depoimento em Curitiba? Eu gosto de Curitiba, eu poderia ir lá em Curitiba”, disse.
- Alvaro Dias avalia que protestos do dia 13 vão ganhar mais força
- Moro proibiu algema e filmagem em condução do ex-presidente Lula para depor
- Após Lava Jato mirar Lula, oposição quer acelerar comissão do impeachment
- Grupos contra e a favor de Lula protestam em frente à sede da PF em Curitiba
- Protestos pró e anti-Lula são marcados após ex-presidente ser alvo da Lava Jato
“Eu me senti prisioneiro hoje. Eu, sinceramente, já passei por muita coisa na minha vida, não sou homem de guardar ressentimento, guardar mágoa, mas não pode continuar assim”, desabafou.
“Se o juiz Moro ou o Ministério Público quisessem me ouvir, era só ter mandado um ofício que eu iria, como sempre fui. Por que eu não devo e não temo”, disse o ex-presidente durante o pronunciamento.” Nada disso diminuiu a minha honra. Eles acenderam em mim a chama e a luta continua”, completou.
“A minha indignação é pelo fato de 6 horas da manhã terem chegado na minha casa, vários delegados, aliás, muito gentis, não sei se são sempre assim, mas muito gentis, pedindo desculpas, que estavam cumprindo uma decisão judicial e a decisão era do juiz Moro”, prosseguiu Lula.
O ex-presidente contou que no depoimento desta manhã foram repetidas as mesmas perguntas que ele já havia respondido em outros três depoimentos anteriores. Para ele, o juiz Sérgio Moro não precisava ter mandado uma “coerção da Polícia Federal a minha casa”.
“Não precisava. Era só ter convidado. Antes dele eu já era um democrata”, disparou o petista. “Já prestei vários depoimentos. Dia 5 de janeiro eu estava de férias e eu suspendi as férias para ir à Brasília prestar um depoimento para a Polícia Federal”, comentou. “Se quiserem matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. A jararaca tá viva, como sempre esteve”, disse. “Eu acho que eu merecia um pouco mais de respeito neste país”, completou.
Para a Procuradoria, “há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento tríplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras.
Críticas à imprensa
No discurso, o ex-presidente criticou a imprensa pelo que considera um “espetáculo midiático” e disse que “hoje quem condena as pessoas são as manchetes”.
Ele citou que há algum tempo, a Justiça investigava e então denunciava um crime. Em sua opinião, hoje os fatos se inverteram e a “primeira coisa que fazem é determinar você é criminoso, colocando a cara na imprensa”.
O ex-presidente também saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff. “Estão cerceando a liberdade de Dilma a governar o país”, afirmou.
Confira a íntegra do pronunciamento do ex-presidente (começa a partir de 14:32)
Oposição diminui ênfase no STF e retoma pautas usuais do Congresso
Reforma tributária: Relator corta desconto a saneamento e inclui refrigerantes no “imposto do pecado”
Pesquisa mostra consolidação da direita nos estados e indefinição no antagonismo a Lula em 2026
Faltam justificativas para prisão de Braga Netto