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Contrariado com a migração para dentro do governo de uma crise que vai se resolver no Judiciário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou nesta segunda-feira (3) a seus ministros que não haja posicionamentos públicos sobre a interpretação a ser dada à Lei de Anistia. Para Lula, "a última palavra não será de A, B ou C e nem dele". Caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF) decidir sobre o tema, ao julgar as ações que lá tramitam, definindo que tipos de crimes estão ou não cobertos pela legislação.

De acordo com assessores do Planalto, Lula não vai se posicionar sobre o tema. O presidente quer evitar arbitrar em favor da posição de um ou outro ministro, para que não saia como vencedor ou vencido, quando o STF tomar a sua decisão.

A polêmica migrou para o governo porque a Advocacia-Geral da União (AGU) deu um parecer onde defendeu a prescrição dos crimes de tortura ocorridos no regime militar, provocando reações do ministro da Justiça, Tarso Genro, e do ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi. Hoje, Lula reuniu-se, separadamente, com o ministro da AGU, José Antônio Dias Toffoli, e com Tarso.

Apesar disso, na tarde de hoje, Tarso Genro voltou a falar sobre o tema, insistindo em que a AGU deveria reformar o texto do parecer. "A posição da AGU foi uma posição profissional, técnica. Não há nenhuma postura do ministro Toffoli de que no caso de quem cometeu os delitos de tortura a anistia deva ser aplicada de maneira indiscriminada. Essa defesa técnica pode ser corrigida", declarou Tarso, ressalvando que " essa correção deverá ser feita de uma maneira técnica, adequada, negociada entre a AGU e principalmente a Secretaria de Direitos Humanos", acrescentando que "o Ministério da Justiça entra para colaborar nesse diálogo". E emendou: "O que queremos é colaborar para que aquilo que é um impasse meramente jurídico não se transforme em contencioso político".

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou nesta segunda-feira em São Paulo que o STF é que vai definir o alcance da Lei de Anistia. "Não se trata de saber quem é a favor de torturadores ou torturados. O que o STF vai analisar é se será revisto ou não o grande acordo nacional, feito na década de 70, que levou à aprovação da lei."

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