A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua assessoria de imprensa, por meio do Instituto Lula, mudaram a explicação sobre o apartamento triplex que seria da família do ex-presidente na praia de Astúrias, no Guarujá, litoral de São Paulo.
A Operação Lava Jato suspeita que Lula seja o verdadeiro dono do triplex e de que o apartamento tenha sido usado como uma forma de repassar propina para o ex-presidente.
Em 2014 surgiram as primeiras notícias que ligavam a família Lula ao imóvel, quando a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) faliu e a empreiteira OAS, uma das investigadas pela Operação Lava Jato, assumiu a obra e finalizou o triplex enquanto 3 mil famílias associadas à Bancoop ainda não tinham recebido os imóveis que adquiriram da cooperativa.
O caso foi noticiado pelo jornal O Globo e, na ocasião, o Instituto Lula enviou nota à imprensa: “o ex-presidente informou que o imóvel, adquirido ainda na planta, e pago em prestações ao longo de anos, consta na sua declaração pública de bens como candidato em 2006”.
A reportagem foi veiculada no dia 7 de dezembro de 2014 e afirmava que o apartamento teria ficado pronto em dezembro de 2013 e que a reforma do imóvel era vistoriada pela ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva e que foi visitada por Lula e seus filhos.
Em 12 de dezembro, cinco dias depois, o Instituto Lula divulgou outra nota – desta vez, afirmando que uma cota de participação da Bancoop foi de fato adquirida pela ex-primeira-dama em 2005 e que, com a falência da cooperativa, os cooperados decidiram em assembleia transferir a conclusão do empreendimento à OAS e que poderiam pedir o ressarcimento do valor pago ou comprar um apartamento no empreendimento. A nota ainda afirmava que a ex-primeira dama ainda não tinha tomado uma decisão sobre qual das opções iria escolher.
Desde então, essa tem sido a defesa do ex-presidente – de que Lula e Marisa decidiram não adquirir o imóvel por não se adequar às necessidades da família. A defesa enviada à Polícia Federal (PF) na segunda-feira (7) é idêntica à nota disponibilizada no site do Instituto Lula desde o dia 30 de janeiro e apresenta documentos que mostram a desistência de Marisa Letícia da aquisição do imóvel.
“Diferentemente do que fazem crer os pedidos de prisão e de busca apresentados ao juiz Sergio Moro pela força-tarefa da Lava Jato, as novidades do caso, alardeadas pela imprensa, já estavam disponíveis há meses para qualquer pessoa interessada em investigar esquemas de lavagem de dinheiro”, diz a nota.
De acordo com a investigação do Ministério Público, a OAS teria bancado uma reforma de cerca de R$ 700 mil no imóvel, que foi um dos principais focos da 22.ª fase da Operação Lava Jato – a Triplo X.
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