Atualizado em 23/11/2006 às 19h10
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta quinta-feira que seus adversários deixem para fazer oposição em 2010 porque agora o importante é o diálogo, uma união para governar o país. Lula repetiu que tem uma relação muito boa com governadores da oposição, citando os nomes de José Serra e Aécio Neves.
- Se alguém quiser fazer oposição a mim, o faça em 2010, quando não serei mais candidato. Se eu tiver que fazer oposição a algum governador, eu também deixo para fazer em 2010. Acho que num segundo mandato temos que provar que é possível governar o Brasil diferentemente do que atualmente se governa. Nossa relação com Aécio, com Serra, é histórica, de 20/30 anos. Não é relação de uma eleição. A disputa político-ideológica terminou no dia da apuração (dos votos) - disse Lula, durante o almoço com governadores da base aliada, acrescentando de forma descontraída:
- Se vocês quiserem correr de mim, podem preparar as canelas porque estou fisicamente melhor do que estava no começo de 2002 (provavelmente ele queria dizer 2003), e vou correr atrás de vocês - disse Lula, olhando para os governadores aliados.
O presidente também fez uma espécie de mea-culpa sobre como costuma formar sua equipe dando um recado a seus ministros, nesse momento de pré-reforma ministerial, ao dar um conselho aos novos governadores:
- Dou um conselho aos governadores novos. Montar um governo é 50% do sucesso do governo. Convidar alguém para ocupar um cargo é muito fácil, agora, tirar alguém é muito difícil. Nessa hora não tem relação de amigo, nessa hora é relação de chefe de Estado. Vocês vão perceber que na máquina pública há muitas pessoas esperando uma oportunidade, e temos que convidar as pessoas mais qualificadas. Então, ao invés de procurar apenas um amigo, procurem alguém que está querendo uma chance. Aprendi um lição: a máquina pública, quanto mais eficiente ela for, mais fácil será para o governante governar.
Lula voltou a dizer que não está preocupado com a reforma ministerial agora, e sim, com o pacote eoncômico e as medidas na área de infra-estrutura para destravar o país e a economia.
- O país está travado - disse o presidente.
Conversas com PSDB e PFL
Lula afirmou que já conversou com o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), sobre sua disposição de dialogar com os tucanos. No caso do PFL, apesar de o partido estar se negando a debater com o governo, o presidente acredita que há políticos pefelistas dispostos a isso.
- Só não vai conversar quem não quiser conversar. Quem for civilizado e quiser fazer política civilizada, terá espaço para uma boa conversa - disse ele, acrescentando de forma irônica:
- Quem não quiser, temos que respeitar o direito de silêncio dos outros.
Lula disse ainda que vai dizer ao presidente do PSDB, Tasso Jereissati, que tem a intenção de conversar com o partido.
Sobre a reunião que teve com deputados do PTB nesta manhã, afirmou que a bancada confirmou a continuidade de seu apoio ao governo. Perguntado se o presidente do partido, Roberto Jefferson, estaria atrapalhando as negociações, Lula disse que Jefferson não é deputado e que sua reunião foi exclusivamente com a bancada do partido.
Em relação à reunião com governadores aliados, o presidente Lula disse que o importante agora é construir uma base "muito sólida" no Congresso para aprovar medidas como a reforma tributária.
- O importante é que tenhamos competência para construir uma base muito sólida para fazer as transformações que o Brasil precisa. o Brasil não é meu. Não quero o Brasil pra mim. O programa tem que ser para a sociedade brasileira e por isso quero fazer muito mais do que já fiz.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta os governadores do Rio, Sérgio Cabral (em pé), e do Piauí, Wellington Dias, durante almoço nesta quinta-feira em Brasília - Agência BrasilLula também fez uma deferência especial ao governador eleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que chegou atrasado ao encontro, ao dizer que desde quando Dom João VI pisou no Rio "a gente não tem condições de ter uma aliança política dessa envergadura".
Lula disse que a lista de apoio inclui outros governadores que não puderam comparecer na reunião desta quinta-feira e acrescentou que tem uma relação de mais de 20 anos com governadores, inclusive, da oposição e que por isso não vê "nenhuma dificuldade" em construir essa base sólida que mencionou.
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