O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve nesta quinta-feira (15) com o Procurador da República, Ivan Cláudio Marx, para prestar voluntariamente depoimento acerca do inquérito aberto pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPF-DF) pedindo esclarecimentos a respeito das palestras e viagens ao exterior do ex-presidente.
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Leia a matéria completa“Lula respondeu às perguntas do procurador e argumentou que os presidentes e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus países no exterior. Afirmou também que para ele isso é motivo de orgulho”, informou a assessoria de imprensa do ex-presidente, por meio de nota.
Ele também afirmou que suas palestras estão declaradas e contabilizadas e que “jamais interferiu na autonomia do BNDES e nas decisões do banco sobre concessões de empréstimos”.
“Quem desconfia do BNDES não tem noção da seriedade da instituição”, afirmou Lula no depoimento. O ex-presidente disse ainda que jamais interferiu em qualquer contrato celebrado entre o BNDES e empresas privadas, mas que sempre procurou ampliar as oportunidades de divulgação dessas companhias no exterior, com vistas à geração de empregos e de divisas para o Brasil.
Informante
No início do mês, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou a Polícia Federal a colher depoimento do ex-presidente como “informante” nas investigações do esquema de corrupção na Petrobras. O pedido para ouvir Lula, feito pela PF, teve parecer favorável por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, semana passada.
Zavascki também autorizou os depoimentos dos demais nomes endossados pelo parecer da Procuradoria, entre eles o dos ex-ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência, governo Dilma), Ideli Salvatti (Secretaria de Relações Institucionais, governo Dilma) e José Dirceu (Casa Civil, governo Lula).
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Leia a matéria completaAo recomendar que Zavascki atendesse ao pedido da PF no inquérito da Operação Lava Jato, Janot destacou que as novas testemunhas e o ex-presidente não são investigados. Segundo o procurador-geral, até o momento não há o que “justifique” a ampliação da lista de investigados no Supremo.
Apesar de não ser investigado pela Lava Jato, Lula já foi citado em conversas entre réus e condenados do esquema de desvios na Petrobras e o instituto que ele mantém em São Paulo recebeu contribuições financeiras de empreiteiras.
Reunião com Dilma
Depois de prestar o depoimento espontâneo, o ex-presidente da República, que está em Brasília desde a quarta-feira (14) vai se encontrar com a presidente Dilma Rousseff, no fim da tarde, no Palácio da Alvorada. Antes de encontrar Dilma, ele se reunirá com deputados do PT. O ex-presidente, que também está fazendo inúmeras articulações políticas em Brasília, tenta evitar que o mandato da presidente Dilma seja colocado em julgamento pelo Congresso.
O governo também tenta se reaproximar do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que está sob ameaça de afastamento do cargo, mas por denúncias de envolvimento nas irregularidades investigadas pela Lava Jato.
O ex-presidente quer que os deputados petistas ajudem a fechar acordo com outros partidos para tentar barrar o processo contra Cunha na Comissão de Ética, por quebra de decoro parlamentar. Mas o governo tem encontrado resistências entre petistas, que não querem ajudar o presidente da Câmara.
Cunha, por sua vez, ameaça colocar em andamento o processo de impeachment. A interlocutores já alegou que o governo, que poderia ajudá-lo, não o faz. Ele acusa a Polícia Federal e o Ministério Público de liberarem o que chama de “informações seletivas” sobre ele.
O Planalto reage dizendo que não tem controle sobre estes órgãos e a prova disso foi o vazamento de notícias sobre o filho de Lula. Aliás, Lula está muito incomodado com as divulgações envolvendo o nome do seu filho. Ele tem feito muitas reclamações a interlocutores próximos e tem tentado, a todo custo, se manter afastado de qualquer problema com a Lava Jato.
Dilma e Lula já haviam se encontrado em São Paulo, na terça-feira (13) à noite, quando a presidente fez um inflamado discurso, em evento da CUT, e atacou os “moralistas sem moral” que querem ataca-la e chamou de “golpismo escancarado” o “artificialismo” do impeachment.
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