Numa reunião de mais de duas horas nesta quarta-feira com representantes dos movimentos sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não fará reforma da Previdência nem reforma trabalhista que retirem direitos. O presidente prometeu a criação de um fórum com a participação da sociedade para discutir propostas para a Previdência.
- O presidente concordou que, no caso da Previdência, é preciso incluir os que estão fora e disse que pretende criar um mecanismo semelhante ao fórum do trabalho - afirmou José Antônio Moroni, coordenador da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais).
O secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, disse que Lula se comprometeu a respeitar os direitos dos trabalhadores e aposentados.
- Não aceitamos reforma previdenciária nem trabalhista que retirem direito. O presidente disse que não vai fazer reformas que retirem direitos - afirmou.
O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, disse que as prioridades do governo são as reformas tributária e política.
- A posição do presidente Lula é clara. O governo não vai propor uma reforma constitucional da Previdência. Vai propor uma reforma administrativa do setor, combatendo as fraudes e melhorando a gestão - disse.
Lula recebeu representantes de 34 entidades poucas horas antes de reunir o conselho político de uma coalizão com dez partidos, a maioria de centro e à direita do PT.
- Independente de alguns segmentos da sociedade quererem puxar o governo para o centro, cabe aos movimentos sociais puxá-lo de volta para esquerda - afirmou João Felício. - Dissemos ao presidente que iremos às ruas sempre que os conservadores tentarem derrubar o governo - acrescentou o líder sindicalista da CUT.
Os movimentos sociais cobraram mais participação do setor nas decisões das políticas adotadas pelo governo, reivindicando, inclusive, a participação em conselhos deliberativos de empresas estatais, agências reguladoras, e até mesmo no Conselho Monetário Nacional (CMN) e no Comitê de Política Monetária (Copom).
Na saída do encontro, o líder do Movimento dos Sem Terra (MST) João Paulo Rodrigues mostrou que o movimento tem dúvidas se o presidente conseguirá fazer um governo que agrade tanto os setores mais à esquerda quanto os mais conservadores.
- A grande dúvida é como agradar a gregos e troianos. O cobertor é curto. Esse é o ano (de fazer as mudanças). Agora, não tem mais desculpa de que haverá um próximo mandato. Acabou a fase do movimento chapa branca - disse.
João Paulo também comentou a afirmação de Lula de que na maturidade a pessoa abandona os ideais de esquerda e assume uma posição mais de centro.
- Ele pode ter essa posição, mas o governo foi eleito por uma base de esquerda. Lula sabe que temos força real de mobilização. Vamos disputar espaços no governo com os setores ligados ao capital financeiro e com as forças conservadoras no Congresso - afirmou.
Dulci disse apenas que os movimentos sociais já têm participado do governo, e não quis se pronunciar diretamente sobre a ampliação do CMN e do Copom.
- Se o presidente não disse sua posição, não sou eu que vou falar - disse.
Dulci afirmou, porém, que considera possível adotar a proposta que prevê que os trabalhadores participem dos conselhos das empresas estatais.
Os movimentos cobraram que esse vínculo com o governo seja permanente e disseram que o resultado da eleição dá amplos poderes ao presidente para fazer as mudanças que quiser.
- O resultado das eleições dá carta branca para que Lula faça essa aliança com os movimentos sociais - disse João Paulo.
Oposição aposta em obstrução na Câmara e ato em MG para Pacheco pautar impeachment contra Moraes
Brasileiros vão às ruas defender liberdades; sua voz tem de ser amplificada
Censura ao X priva a imprensa (e brasileiros) de uma das principais fontes globais de informação
Modernização da maior ferrovia do Brasil terá investimento de R$ 24 bi