O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira (12) a maneira como os suspeitos de envolvimento em fraude no Ministério do Turismo foram tratados pela Polícia Federal (PF) na Operação Voucher, deflagrada na terça-feira, 9. Lula considerou que é inaceitável que "uma pessoa que tenha endereço fixo, RG, e CIC" seja presa como se fosse um bandido qualquer, com o uso de algemas. "Não se pode expor pessoas inocentes", afirmou.
Para Lula, as autoridades precisam ter responsabilidade. "Na medida em que você coloca a cara de uma pessoa no jornal, sendo presa e algemada e, no dia seguinte provam que ela é inocente, é preciso que exista alguém com coragem de vir a público pedir desculpas", disse. Ele cobrou que os envolvidos na Operação Voucher venham a público se desculpar.
Mas o ex-presidente evitou responsabilizar a PF, como instituição, pelos abusos. "Obviamente, pode ter um policial federal que extrapolou o bom senso da sua atuação", disse. "A PF é uma instituição da maior responsabilidade. A gente não pode julgar uma corporação por um equívoco de um delegado ou de um funcionário", argumentou.
A Operação Voucher foi criticada também ontem pelo vice-presidente da República, Michel Temer, em solenidade na capital paulista. Temer disse ter ficado "chocado" com a ação que prendeu 35 pessoas do Ministério do Turismo, investigadas por suspeita de desvio de recursos públicos para ONGs. O presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, criticou também o que julgou "excesso" da PF e o comportamento do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "A informação que chegou até nós foi a de que o ministro só foi informado na última hora, quando a Operação já estava acontecendo o que é uma coisa muito difícil de acreditar", criticou em evento ontem.