O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (1º) que, quando terminar seu mandato, "vai quebrar a cara quem pensar que eu vou ser um ex-presidente. Porque vocês vão me ver andando por esse País". Segundo ele, as coisas iniciadas não podem ser abandonadas no meio do caminho. "Quando a gente entra na água, começa a nadar e, ao invés de ir até o final, ao ficar cansado, a gente pensa em voltar. Sem se dar conta de que a volta é muito pior. Estamos no meio do rio e não temos o direito de morrer afogados."
Apesar de ter iniciado seu discurso afirmando que iria se restringir ao que estava no papel, Lula fez hoje um discurso com tom político, durante o encerramento da 1ª Conferência Nacional de Educação. "Vou ler meu discurso, porque tenho sido multado todo dia. E daqui a pouco vou ter que trabalhar o resto da vida para pagar multa", brincou Lula no início de sua fala, numa referência às multas impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por campanha antecipada para a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff.
Mesmo assim, depois de enumerar as recentes conquistas da área da educação e elogiar o ministro da Educação, Fernando Haddad, a quem chamou de "dádiva de Deus", Lula abandonou o discurso escrito e partiu para o improviso diante de uma plateia de professores, estudantes e profissionais da área de educação. Lembrando-se que essa seria a sua última participação em uma conferência da educação como presidente da República, Lula defendeu a valorização e melhoria da remuneração dos educadores do País.
Segundo o presidente, "a remuneração faz parte da qualidade da educação", "não são separadas as duas coisas", e os professores tiveram, ao longo de 30 anos, disse, a profissão "sucateada". "Eu e o José Alencar (vice-presidente) somos o único casal - de presidente e vice-presidente - que não tem diploma universitário. E sou o presidente que mais inaugurou escolas técnicas e universidades", disse o presidente, completando, em seguida, que espera que o seu sucessor faça muito mais pela educação. "Peço a Deus que aquele que vier me coloque no chinelo", disse.
Lula lembrou que, quando começou a se tratar do marco regulatório do pré-sal, uma condição básica exigida por ele foi a criação de um fundo para o povo brasileiro, numa referência ao Fundo Social, que será criado com recursos do pré-sal para investir nas áreas sociais. O fundo, segundo o presidente, "terá como premissa básica investir na educação brasileira, em ciência e tecnologia".
Ao final, Lula agradeceu aos presentes. "Agradeço às críticas, naquela fatídica crise de 2005", disse. O ano de 2005 foi o ano do escândalo do Mensalão do PT. "Sei que alguns de vocês quase perderam a esperança", completou. "Tinha clareza de onde eu vim e tinha e tenho muito mais clareza para onde eu vou. Tenho clareza de quem são meus amigos, quem são meus amigos do poder", disse o presidente.
Ainda em seu discurso de improviso, Lula voltou ao tema das conquistas da área de educação em seu governo e elogiou o Programa Universidade para Todos (ProUni), criado em 2004, lembrando que muitos brasileiros conseguiram ingressar numa universidade graças ao programa, que, segundo ele, é uma criação de Haddad. "Quem quiser me vencer vai ter que trabalhar mais do que eu. Vai ter que fazer mais do que a gente fez", encerrou o presidente, que foi bastante aplaudido e fotografado pelos presentes.