Decisão do STF sobre mensalão é notícia no mundo
José Dirceu afirma que decisão do STF é injusta
O ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse nesta terça-feira que é injusta a decisão do Surpremo Tribunal Federal (STF) de aceitar denúncia contra ele por corrupção ativa. Em nota divulgada em seu site, ele diz ainda que não se surpeendeu com a decisão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pela primeira vez nesta quarta-feira sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de aceitar a denúncia contra os 40 acusados pelo mensalão . Lula afirmou que a decisão do STF demostra fortalecimento da democracia no país, e que o resultado final do julgamento irá separar os culpados dos inocente. O presidente também mandou um recado à oposição, dizendo que a tentativa de vinculá-lo ao escândalo não vai dar certo.
- Eles (oposição) tentaram me atingir e 61% do povo deu a resposta na eleição do ano passado. Eles sabem perfeitamente bem o que é um processo. Eu, ao mesmo tempo em que assisto às decisões do Supremo, sem poder dar palpite, sei que o que aconteceu é uma demonstração de que no Brasil as instituições estão funcionando. Quem tiver culpa pagará o preço e quem não tiver será inocentado - afirmou Lula depois da solenidade de lançamento do relatório oficial do governo sobre mortos e desaparecidos na ditadura militar (1964-1985).
À tarde, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atacou Lula. FH afirmou que o presidente não pode "fazer de conta" que a abertura de ação penal contra os 40 denunciados no esquema do mensalão, "não é com ele".
- É com ele sim. Não estou dizendo que ele seja responsável, mas, enquanto ele vier a público, e não repudiar a ação dos mensaleiros, dá a sensação que está conivente, ou leniente, para usar uma expressão mais branda - disse Fernando Henrique, durante debate em São Paulo sobre a necessidade de se implantar o voto distrital no país, em declaração reproduzida no site do PSDB.
O minstro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência, afirmou que o governo não está em julgamento e que os eleitores já 0 julgaram politicamente, ao conceder a Lula um segundo mandato.
Mais cedo, em entrevista à Rádio CBN, o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), um dos 40 réus no processo do mensalão, disse que faltou coragem ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, para denunciar o presidente Lula acusado por ele de ser "Ali Babá, chefe dos 40 ladrões".
Outro acusado, o ex-presidente do PT e deputado José Genoino (PT-SP) se defendeu nesta quarta, no plenário da Câmara. Genoino disse que não pertenceu a nenhuma organização criminosa, como diz a denúncia, e que, após 24 anos de vida parlamentar, seu patrimônio se resume a uma casa numa área popular de São Paulo. Ele também protestou contra a acusação de corrupção ativa e formação de quadrilha.
- Meu patrimônio é o mesmo há 24 anos. Minha família mora em situação de dificuldade. Não posso aceitar denúncia de corrupção ativa e muito menos denúncia de integrar quadrilha. Participei, sim, da direção do partido, mas ela não era quadrilha nem associação criminosa.
Genoino disse ter confiança de que a verdade virá à tona no decorrer do processo.
- Não estamos condenados, mas a cobertura do fato em determinados veículos apresenta-nos como tal. Foi recebida a denúncia e, na condição de réu, vou defender-me de cabeça erguida e com a consciência tranqüila.
A decisão dos ministros foi recebida ainda na terça com elogios por parlamentares da oposição , enquanto o petista Aloisio Mercadante afirmou que é um momento difícil para o PT.
Dulci: Governo não está em julgamento
Primeiro ministro petista a se manifestar sobre a decisão do STF, Dulci não quis comentar os casos de ex-integrantes do governo, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, processado por corrupção ativa e formação de quadrilha, e o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Luiz Gushiken, acusado de peculato. Para ele, os que se tornaram réus terão o direito de se defender no julgamento.
- Isso não tem nada a ver com o governo. A decisão do Supremo é de abrir processo contra pessoas individuais. Não tem nada a ver com o governo. O governo, repito, recebeu das urnas. O presidente foi reeleito de um modo consagrador. Todos esses assuntos foram tratados na campanha de maneira intensa, sistemática, pelas oposições, que aliás estavam exercendo seu direito. O que o governo vai fazer é cumprir o mandato popular, continuar governando para tornar o país cada vez mais justo - disse.
Dulci defendeu que o tema "mensalão" não seja tratado durante o 3º Congresso do PT, que acontece a partir de sexta-feira.
- É compreensível que a oposição queira impor a sua pauta ao PT, mas é compreensível também, e desejável, que o PT discuta os problemas que interessam à maioria da população, que são condições de vida, qualidade de vida, inclusão social, geração de emprego. Estes são os problemas que interessam à população - afirmou.
Berzoini sai em defesa de colegas de partido que viraram réus
O presidente do PT, Ricardo Berzoini, saiu em defesa dos colegas de partido que vão responder a processo no Supremo, dizendo não acreditar na culpa deles. Segundo Berzoini, o partido saberá enfrentar o processo e sairá mais forte do episódio.
- Conhecendo a história das pessoas como eu conheço, não tenho razão para não acreditar nelas. O PT sempre lutou muito para viabilizar seu crescimento e sempre apanhou, mas o PT é igual a massa de pão, quanto mais bate, mais ele cresce - afirmou.
Berzoini disse que o governo sempre se posicionou de maneira muito tranqüila e republicana sobre o caso. Perguntado se o tema volta a ser discutido no congresso do partido, neste fim de semana, Berzoini disse que, desta vez, ele será tratado de forma madura.
- Podemos dialogar sobre isso, mas sem disputar posições políticas.
O presidente do PT afirmou que muitos dos votos dos ministros do STF no julgamento do mensalão foram dados sem convicção da condenação. Segundo ele, o tribunal optou pelo caminho mais cômodo de abrir a investigação para depois buscar as provas contra os 40 denunciados.
- É preciso deixar claro que é uma fase preliminar, que ninguém foi condenado e é importante dar direito de ampla defesa a todos. Muitos votos foram dados sem a convicção da condenação, mas com a convicção de que se deveria abrir o processo e investigar. (Os ministros) tinham dúvidas sobre a existência de provas. Tem todo o processo ainda. É preciso ter paciência democrática e esperar o julgamento - afirmou.
Perguntado se os ministros teriam então "jogado para a platéia", ao permitir a abertura do processo mesmo sem provas contra os acusados, Berzoini respondeu:
- O tribunal optou pelo caminho mais cômodo, de abrir o processo para ver se há prova.
Celso de Mello compara julgamento do mensalão com o caso Collor
O ministro Celso de Mello, do STF, comparou nesta quarta-feira o julgamento do mensalão ao do caso Collor. Para ele, "a grande diferença" está no fato de que, no escândalo do governo Lula, os envolvidos ainda estão no poder, enquanto no do governo Collor, já se encontravam afastados.
- Os personagens envolvidos hoje estavam e ainda estão no exercício de atividades políticas. São nomes expressivos, isso faz a grande diferença - disse.
Procurador-geral trabalhará para levantar mais provas
O procurador-geral disse que trabalhará agora para reforçar as provas contra os 40 acusados. Enquanto isso, os advogados dos réus têm pressa e prometem não retardar o andamento do processo, na esperança de seus clientes serem absolvidos por falta de provas.
- A preocupação do Ministério Público é reforçar os dados probatórios que já constam dos autos relativamente a tudo que foi afirmado - disse o procurador-geral, ao ser indagado se achava possível provar a existência do mensalão.
O procurador-geral não arriscou prognóstico quanto à duração do processo, em que serão ouvidos os 40 réus e as testemunhas de defesa e as de acusação.
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