O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve os sigilos bancários e fiscal quebrados por ordem do juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Além de sua empresa de palestras, a LILS, e do Instituto Lula, a quebra de sigilo atinge o ex-presidente como pessoa física, de acordo com investigadores do caso.
A Receita Federal vasculhou dados fiscais do petista dos últimos cinco anos. O objetivo das quebras foi o de cruzar as informações com os indícios de que Lula foi beneficiado ilegalmente por empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras.
A investigação de pagamentos revelou, por exemplo, que o Instituto Lula transferiu cerca de R$ 1,1 milhão para as empresas G4 e a Flexbr -empresas pertencentes aos filhos do petista. Para a Procuradoria, os pagamentos não têm razão aparente.
Na entrevista coletiva em Curitiba, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima se recusou a responder sobre a abrangência da quebra dos sigilos do ex-presidente.
No final de semana, o próprio Lula disse em discurso no ato de comemoração do aniversário do PT que tinha a informação de que teve os sigilos quebrados.
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar se houve vazamento de informações relativas à operação.
Lula rejeitou virar ministro de Dilma para evitar prisão
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia que era o próximo alvo. Estudou, até poucos dias atrás, tornar-se ministro do governo da presidente Dilma Rousseff para evitar uma eventual prisão na Operação Lava Jato.
Caso ocupasse uma cadeira na Esplanada dos Ministérios, Lula teria foro privilegiado e sua prisão teria que ser autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
A negociação entre aliados do ex-presidente e integrantes do governo só terminou quando Lula decidiu que preferia ver a reação de seus pares. “Vamos esperar a arbitrariedade [na visão do petista, as investigações são arbitrárias e ilegais], é bom que aconteça para que o PT e a sociedade possam reagir”, disse ele a amigos.
Segundo a reportagem apurou, há algumas semanas os advogados de Lula já esperavam uma operação de busca e apreensão no Instituto Lula, no escritório de Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, e no sítio frequentado pelo ex-presidente em Atibaia (SP). No entanto, o apartamento do petista, em São Bernardo do Campo (SP), e de seu filho, em Moema, bairro da zona sul da capital paulista, não haviam entrado com tanta evidência no radar da defesa.
Lula estava tranquilo quando a Polícia Federal bateu à sua porta às 6h desta sexta-feira (4). Após 3h40min de depoimento, o ex-presidente resolveu se dedicar à elaboração de um discurso em que deve falar sobre abusos, violência à democracia e perseguição política a ele e ao PT.
Aliados estudam a possibilidade de o ex-presidente fazer um pronunciamento na sede do PT em São Paulo, ou ainda em plenária que será realizada no Sindicato dos Bancários, também na capital paulista, na noite desta sexta.
Não foi a primeira vez
Em agosto de 2015, especulou-se no Palácio do Planalto que Lula poderia se tornar ministro de Dilma mas, naquele momento, o objetivo era outro: ajudar a estancar a crise política que alcançava um de seus pontos mais críticos. Dilma rechaçou a ideia à época, pois veria seu poder de presidente esvaziado por um “superministro”.
Hoje, após a operação que atingiu o ex-presidente, auxiliares de Dilma voltaram a dizer que, agora, “depois de tudo”, seria impossível emplacar Lula em algum ministério. Ficaria muito evidente, avaliam, o movimento para que ele consiga o foro privilegiado.
Aliados do ex-presidente não descartam a possibilidade dele ser preso em breve -nesta sexta, Lula foi alvo de condução coercitiva para depor- e apostam na mobilização popular para defender o petista.
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