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A CPI dos Sanguessugas descobriu indícios de que a máfia acusada de vender ambulâncias superfaturadas para municípios, pagas com verbas de emendas parlamentares, pode ter atuado também no Ministério das Comunicações. Até agora, a comissão suspeitava de incursões do grupo nos Ministérios da Saúde, da Ciência e Tecnologia e da Educação.

- Temos indícios de que houve fraude em pelo menos um projeto para compra de ônibus para o programa de inclusão digital do Ministério das Comunicações - disse o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), vice-presidente da CPI.

A CPI está interrogando na tarde desta terça-feira o empresário Darci José Vedoin, apontado como chefe da organização. Mais cedo, em depoimento à CPI, o empresário Ronildo Medeiros confirmou o envolvimento de mais de 60 deputados com a máfia das ambulâncias e relacionou o nome de três senadores que estariam envolvidos no esquema. A pedido de seus advogados, o empresário prestou depoimento à CPI dos Sanguessugas a portas fechadas.

Apelo

Jungmann fez um apelo nesta terça-feira para que a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie, quebre o sigilo decretado os 15 inquéritos contra 15 parlamentares suspeitos de envolvimento na máfia dos sanguessugas.

Segundo Jungmman, só a informação pública permitirá que o eleitor conheça, e se achar conveniente, puna os envolvidos nas eleições de outubro. Leia mais sobre o apelo de Jungmann .

Medeiros contou ainda que o comércio de emendas da máfia das ambulâncias estava completamente descontrolado. Segundo ele, as emendas eram compradas pela organização e revendidas para terceiros. O empresário afirmou que os pagamentos eram feitos em espécie, depósitos em contas bancárias e transferências.

- A emenda era moeda e essa moeda tem que acabar - afirmou Jungmann.

De acordo com Medeiros, os parlamentares ficavam com 15% a 18% do valor da emenda e os prefeitos, com 10%. Pelas análises internas da CPI, a maioria dos deputados envolvidos é do baixo clero e está ligada à bancada evangélica. As fraudes atingiam principalmente o Rio de Janeiro, Mato Grosso e Amapá.

- Somando as provas coletadas, temos o arcabouço que dá para realizar um relatório com provas, circuntâncias e testemunhas - afirmou o relator da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO).

Provas contundentes

Na opinião de Jungmann, este foi o melhor depoimento até agora e as provas são contundentes:

- Nós temos provas e indícios contundentes contra dezenas de parlamentares, prefeitos e até integrantes do Executivo. É uma tragédia, o círculo está se fechado - disse Raul Jungmann, depois da primeira parte do depoimento de Ronildo Medeiros.

Medeiros é apontado pela Polícia Federal como um dos chefes da máfia acusada de vender ambulâncias superfaturadas para prefeituras. O empresário também está negociando um acordo de delação premiada com a Justiça Federal para contar o que sabe sobre o envolvimento de parlamentares no esquema.

Em depoimento ao juiz Jefferson Schneider, da 2ª Vara Federal do Mato Grosso, Luiz Antônio Trevisan Vedoin, apontado como segundo homem na hierarquia do comando dos sanguessugas, já denunciou o envolvimento de aproximadamente 80 parlamentares, que apresentavam emendas liberando recursos para compra superfaturada das ambulâncias. Leia mais aqui .

A advogada Laura Gisele Spínola negou que Luiz Antônio esteja delatando supostos cúmplices. Segundo ela, o empresário está apenas esclarecendo como eram feitas as licitações e as liberações de emendas para aproximadamente 70 municípios.

- Não existe delação. O depoimento está demorando porque o caso é complexo e ele está falando sobre cada um dos municípios - disse a advogada, que nega também que as ambulâncias tenham sido vendidas a preços superfaturados.

Luiz Antônio continua depondo ao juiz Jefferson Schneider. O depoimento começou na segunda-feira da semana passada e só deve terminar nesta quarta-feira. Ele tem prestado depoimento das 9h até por volta da meia-noite, todos os dias, inclusive nos sábados e domingos.

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