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A reportagem de capa da revista "Veja" que chega às bancas neste fim de semana adiciona algumas novidades à lista de irregularidades denunciadas na prestação de contas da campanha eleitoral do ex-governador do Rio Antony Garotinho.

Além dos problemas com doadores de campanha denunciados nesta semana, como o de empresários que doaram dinheiro à campanha e são diretores de ONGs que receberam cerca de R$ 112 milhões do governo do Estado, a reportagem também identifica problemas com os fornecedores. Um deles é a Suprema Comércio e Serviços Aeronáuticos Ltda., que teria alugado jatinhos por R$ 113.000, e responde a três ações judiciais nas cortes federal e estadual de São Paulo, por utilização de cheques sem fundos e atua sem registro do Departamento de Aviação Civil. A sede da empresa fica na casa da mãe do sócio majoritário Roberto Squitino, que disse a VEJA nunca ter feito vôos para Garotinho ou para o PMDB.

A ONG que recebeu o maior repasse de verbas do governo do Rio, no ano passado, deveria fazer um raio x da situação dos hospitais públicos do estado e apontar soluções. O contrato para o serviço, feito sem licitação, rendeu à instituição R$ 105 milhões. Apesar do volume de dinheiro recebido, o Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Cidadania tem sede modesta, no município pequeno a 90 quilômetros do Rio. Hoje, ninguém foi encontrado no local para falar sobre o assunto.

Até agora, o governo não apresentou resultado do trabalho da organização. Segundo reportagem do jornal O Globo, a mesma o ONG foi condenada, em 2001, por não ter cumprido um outro contrato.

Na época, a ONG se chamava Centro Brasileiro de Defesa da Criança e do Adolescente e tinha como diretora a advogada Cristina Leonardo. Ela confirmou que o projeto está atrasado e disse que entrou em acordo com a Procuradoria-Geral do Estado para apresentar, num novo prazo, um programa de computador que atualiza fotografias de crianças desaparecidas. A assessoria de imprensa do governo confirmou o acordo.

As ONGs que prestam serviços para o estado viraram centro das atenções depois que diretores de três delas apareceram como sócios de empresas e doaram dinheiro para a pré-campanha de Anthony Garotinho, do PMDB.

O ex-governador do Rio disse que vai devolver os R$ 650 mil doados pelas empresas. Mas, na capa da edição publicada hoje, a revista Veja afirma que teve acesso a uma lista de doadores diferente da que foi divulgada pelo partido.

Segunda a revista, uma empresa na Zona Norte do Rio seria uma das doadoras da campanha de Anthony Garotinho. Embora não apareça na relação oficial divulgada pela internet.

Ainda segundo a reportagem, a empresa também teria um dos maiores contratos de aluguel de veículos para o governo do Estado do Rio, no valor de R$ 26 milhões por ano. A reportagem diz que o contrato tem indícios de superfaturamento por causa dos preços. A assessoria do governo do estado não se pronunciou sobre as denúncias de superfaturamento no aluguel de carros. Segundo a reportagem da revista Veja, os veículos foram alugados por R$ 4.500 por mês, enquanto o preço médio do mercado seria de R$ 1.500 mensais.

Outro problema aparece com a empresa de Táxi Aéreo Pinhal, do grupo JetSul Linhas Aéreas, de São José dos Pinhais, no Paraná. Segundo a revista, a JetSul responde a inquérito na Polícia Federal por evasão de divisas utilizando uma das subcontas da Beacon Hill, financeira americana fechada pelas autoridades de Nova York por funcionar, basicamente, como lavanderia de dinheiro brasileiro.

A revista também lança dúvidas sobre a razão pela qual Garotinho aparece em uma foto saindo do avião Cessna Citation III, prefixo PT-LVF, para um evento de campanha em Curitiba, no dia 9 de março , depois de já tê-lo utilizado dois dias antes numa viagem a Recife. O avião é de propriedade do ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, vulgarmente conhecido como "Comendador", preso pela polícia uruguaia e incluído na lista da Interpol dos bandidos mais procurados do mundo. Ele é acusado de ser o chefe do crime organizado em Mato Grosso e em outros quatro estados do Brasil , além de ser suspeito de crimes de assassinato, tráfico de drogas e contravenção.

Segundo a revista, o avião esteve sob a guarda da Polícia Federal até o fim do ano passado, quando a Justiça mandou devolvê-lo a Arcanjo, sob a guarda de um administrador judicial que o arrendou o avião para empresa Construfert Ambiental Ltda., especializada em limpeza urbana. Um mês depois, o avião estaria sendo usado por Garotinho.

Em Rio Branco, Anthony Garotinho disse que não responde mais pelos contratos do governo do Estado do Rio.

- Eu não trabalho mais no governo - afirmou ele.

Garotinho disse também que as denúncias têm que ser investigadas.

- Vamos investigar primeiro. Quem não deve, não teme. Eu não devo absolutamente nada. Eu estou tranqüilo, sereno, consciente dos meus atos - disse Anthony Garotinho.

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