"Beijos" em e-mails dividem ministros
O ato de mandar beijos ao encerrar um e-mail virou um tema central na argumentação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para absolver ou condenar Geiza Dias, ex-assistente financeira da agência SMP&B.
A saudação era usada frequentemente por ela ao encaminhar ao Banco Rural ordens para saques milionários no esquema do mensalão.
Na segunda, ministros decidem sessão extra
Por insistência do ministro relator do julgamento do mensalão, Joaquim Barbosa, o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, marcou para o início da sessão de segunda-feira (17) o debate para a criação de mais uma sessão extra.
O plenário se reuniria na quarta-feira pela manhã, além das sessões na segunda, quarta e quinta à tarde. Inicialmente, havia ficado decidido que a sessão extra só será convocada se os intervalos mais curtos e a leitura mais reduzida dos votos não ajudassem a reduzir o tempo de julgamento do mensalão.
O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou nesta quinta-feira (13) a condenação de oito dos dez réus pelo crime de lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão (Ação Penal 470). O colegiado considerou que o grupo do publicitário Marcos Valério montou com a participação da cúpula do Banco Rural um esquema de lavagem de recursos de origem ilícita que foram repassados a políticos.
Na sessão desta quinta-feira, os ministros concluíram pela culpa dos seguintes réus: Kátia Rabello, a ex-presidente e atual acionista do Rural; José Roberto Salgado, ex-vice-presidente do banco; Vinícius Samarane, ex-diretor e atual vice-presidente da instituição; o publicitário Marcos Valério e seus antigos sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach; Rogério Tolentino, ex-advogado das empresas de Valério; e, por último, a ex-diretora financeira da SMP&B Simone Vasconcelos.
O Supremo, contudo, absolveu por falta de provas a Ayanna Tenório, ex-vice-presidente do Rural, e Geiza Dias, ex-gerente financeira da SMP&B. Todos os ministros votaram por livrar Ayanna e, no caso de Geiza, sete dos dez. Apenas o relator da ação, Joaquim Barbosa, e os ministros Luiz Fux e Marco Aurélio Mello ficaram vencidos ao se posicionar a favor da condenação dela.
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A sessão desta quinta encerrou o chamado item IV da denúncia do Ministério Público federal (MPF), referente ao crime de lavagem de dinheiro. Depois de 23 dias de trabalho, o STF concluiu apenas três dos sete itens do julgamento - sobre desvio de dinheiro público e gestão fraudulenta de instituição financeira, além de lavagem de dinheiro.
Há uma preocupação sobre a demora na leitura dos votos e o prolongamento do julgamento ao longo do ano. A proposta do ministro relator da ação, Joaquim Barbosa, de ser criada mais uma sessão extra (na quarta-feira pela manhã) será debatida no início do julgamento na próxima segunda-feira (17) (leia ao lado).
Compra de votos
A partir de segunda, os ministros iniciam a análise da denúncia de compra de votos de parlamentares durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, caso que ficou conhecido como mensalão.
Como nos demais itens, o primeiro a ler o voto será o ministro Joaquim Barbosa, seguido do ministro revisor do processo Ricardo Lewandowaki. Na sequência, os demais oito ministros votam de acordo com a ordem de antiguidade, dos nomeados mais recentemente aos mais experientes.
Os votos
O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, deu o último voto da sessão desta quinta. Ele se manifestou pela condenação de oito dos dez réus, livrando apenas Ayanna e Geiza. Numa rápida análise, o ministro fez uma questão de ressaltar que os crimes de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta "não se confundem". Esse último crime foi apreciado anteriormente pela Corte.
Ao iniciar seu voto sobre lavagem de dinheiro, o ministro José Antonio Dias Toffoli afirmou que o Ministério Público Federal "comprovou" apenas a existência do "valerioduto", mas não ainda a compra de apoio político no Congresso, o mensalão propriamente dito. "Aquilo que a imprensa chamou de mensalão são cenas que assistiremos no próximo capitulo. Ou seja, se os recursos foram utilizados para compra de voto no Congresso Nacional", disse.
Luiz Fux seguiu o ministro relator, Joaquim Barbosa, e condenou nove dos dez réus por lavagem de dinheiro. Todos são ex-integrantes da cúpula do Banco Rural e do grupo do empresário Marcos Valério.
Pouco antes, a ministra Rosa Weber condenou oito réus por lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão. Ela absolveu outros dois: Ayanna Tenório e Geiza Dias, ex-funcionária do publicitário. Weber seguiu a maior parte o voto do relator do caso e considerou culpados a dona do Banco Rural, Kátia Rabello, o vice-presidente Vinicius Samarane, o ex-vice-presidente José Roberto Salgado, os ex-sócios de Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, seu advogado, Rogério Tolentino, e a ex-diretora da agência de publicidade Simone Vasconcelos.
Divergência
Antes do voto de Rosa Weber, porém, os ministros Joaquim Barbosa (relator) e Ricardo Lewandowski (revisor) pediram a palavra para esclarecer alguns pontos de seus votos.
Na quarta-feira (12), a sessão foi tensa em meio a uma discussão entre Barbosa e Lewandowski, que divergem sobre vários aspectos da ação. O ministro-revisor concluiu a leitura de seu voto relativo à acusação de lavagem de dinheiro envolvendo as empresas de Marcos Valério, seus sócios e o Banco Rural.
Lewandowski votou pela condenação de Kátia Rabello e José Roberto Salgado, ex-presidenta e ex-vice-presidente do Banco Rural, do empresário Marcos Valério e seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, além de Simone Vasconcellos, diretora financeira da SMP&B Propaganda Ltda.
Para ele, houve provas suficientes nos autos da participação desses réus nas operações descritas na denúncia. Porém, Lewandowski votou pela absolvição, por insuficiência de provas, da ex-executiva do Banco Rural Ayanna Tenório, da gerente financeira da instituição, Geiza Dias, do ex-diretor do mesmo órgão Vinícius Samarane e de Rogério Tolentino, advogado ligado a Marcos Valério.
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