Um ano depois do acidente com o Boeing da Gol, Marcos Antonio Marinho Silva, de 51 anos, marido da médica Ana Maria Caminha Maciel Silva, uma das 154 vítimas do vôo 1907, quer ver de perto o local onde ainda estão alguns destroços do avião, no Norte de Mato Grosso. Ele não participou da viagem organizada pela Aeronáutica, em que parentes sobrevoaram o local do acidente. Marinho prefere entrar na mata e ver de perto os destroços da aeronave.

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Ele deve partir de Sinop (MT) na manhã desta segunda-feira (1º) para a Fazenda Jarinã, perto da divisa com o Pará. O local serviu de base para o trabalho de resgate dos corpos das vítimas e dos destroços do Boeing.

Na viagem, Marinho terá a companhia de uma equipe do Corpo de Bombeiros de Sinop, que participou dos trabalhos de resgate e reconhecimento dos corpos no ano passado.

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Para ele, o momento será de efetivar a despedida da mulher. "Foi um ano de muita angústia, um martírio maluco. Sempre quis ver de perto o local para tentar entender melhor o que aconteceu." Sensação de vazio

Marinho, que é coronel da Reserva do Exército, disse que espera acabar com a sensação de vazio provocada pela falta de um último adeus à mulher. "Foram momentos de inversão de fatos. Fizemos a missa de sétimo dia da minha mulher antes do enterro dela. É tudo muito confuso na cabeça da gente."

Da Fazenda Jarinã, o grupo deve seguir viagem para o local da queda do Boeing na madrugada de terça-feira (2). Segundo o major Átila Wanderley da Silva, dos bombeiros, eles devem ser guiados por seis índios dentro da Floresta Amazônica. "Seguiremos de barco pelo maior trecho. O restante, aproximadamente sete quilômetros, será feito em mata fechada", afirma. "Será necessário abrir caminho na mata. Só os índios podem e sabem fazer isso da melhor maneira." Aliança

Depois de receber os pertences de sua mulher, no começo do ano, Marinho resolveu cristalizar o amor por ela ao fundir as duas alianças de casamento em uma só. "Foi uma forma de prestar uma homenagem. Procurei um ourives e pedi que fundisse as duas. Quando casei, em 1980, as alianças eram bem mais finas. Agora uso uma feita com o ouro das duas. O resultado é que ela ficou mais grossa, bem parecida com as que são feitas hoje em dia."

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