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Detalhe da garrafa de whisky que foi vendida pelo equivalente a R$ 110 mil | Reprodução
Detalhe da garrafa de whisky que foi vendida pelo equivalente a R$ 110 mil| Foto: Reprodução

Um ano depois da tragégia com o Boeing da Gol ainda permanece entre os familiares um clima de dor e revolta e uma sensação de impunidade em relação aos culpados pela tragédia. O avião caiu na região da Serra do Cachimbo, no Mato Grosso, em meio à densa selva amazônica, após colisão com um jatinho Legacy, matando 154 pessoas, no dia 29 de setembro de 2006. Os parentes ainda reclamam da falta de punição aos culpados e das poucas informações a que tiveram acesso ao longo das investigações.

Na manhã deste sábado, no embarque de parentes em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) que os levariam à região do acidente, onde haverá sobrevôo e duas missas, para homenagear as vítimas, uma camiseta usada por Francis Albert Ribeiro Dias, que perdeu um tio no acidente, resumia esse sentimento. Na roupa, estavam estampados os dizeres "Impunidade 154 + 199 = 353 vítimas. Queremos a verdade. Clamamos por justiça", em referência ao número de mortos nos acidentes da Gol e da TAM, em julho, no aeroporto de Congonhas.

Demora na indenização

Uma das queixas registradas por alguns durante o embarque era a demora da Gol para indenizar os familiares - foram fechados apenas 32 acordos até agora - e a decisão da CPI do Apagão Aéreo da Câmara de isentar a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de qualquer responsabilidade pelo acidente.Flores e missa na região do acidente

Um primeiro grupo - formado por cinco representantes das famílias - embarcou em um Bandeirante da Força Aérea Brasileira (FAB) pouco depois das 8h. Um segundo grupo de parentes - inclusive pessoas de Manaus, de onde partiu o Boeing que se acidentou - decolaria em seguida, da Base Aérea de Brasília em um Hércules da FAB para sobrevoar a região onde o avião caiu, na mata. Eles pretendem jogar flores no local do acidente.

Será celebrada uma missa na Fazenda Jarinã, base das operações de resgate e transporte dos corpos, onde uma capela foi erguida. Os parentes levam uma imagem de Nossa Senhora para a igrejinha e uma placa de homenagem aos militares e civis que participaram de todo a operação, no ano passado, bem como ao proprietário e aos funcionários da Jarinã. Outra missa acontecerá na Base Aérea da Serra do Cachimbo. Estão programadas ainda duas missas em homenagem às vítimas na capital federal esta tarde. Uma, a convite da Gol, ocorrerá às 15h30m no Jardim Botânico, e deve contar com a presença do presidente da companhia aérea, Constantino Jr.. A outra será realizada na Catedral de Brasília.

'O Globo': Controle aéreo ainda é precário

Um ano depois da tragédia, dados indicam que ainda é precário o sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro. Relatos de controladores de vôo e documentos mostram que os equipamentos do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego de Brasília (Cindacta 1) ainda apresentam falhas que põem em risco a segurança de tráfego de aeronaves. Revelam também que há sobrecarga de trabalho e falta de pessoal. A FAB, no entanto, afirma que vem investindo na formação de profissionais e garante que o controle aéreo é moderno e eficiente.

Ocorrência registrada no dia 19 no sistema eletrônico de pane do Cindacta I (Brasília) expõe falhas nos equipamentos e revela que o tráfego aéreo na Área Amazônica continua arriscado. O relato, obtido pelo 'Globo', mostra que, por volta das 7h30m, o monitor de um radar do Cindacta 1 registrou uma mudança de posição do avião cargueiro prefixo VLO 9090, da VarigLog, sem que a aeronave tenha alterado sua rota. O problema, fruto de falhas no software, induziu o controlador a coordenar o vôo de forma incorreta.

O avião da VarigLog partiu de Guarulhos com destino a Manaus. A falha no sistema aconteceu quando a aeronave sobrevoava o ponto virtual Teres, no limite entre o espaço aéreo de Brasília e Manaus, onde a Aeronáutica perdeu contato com o Legacy no dia da tragédia. A tela do radar acusou que o cargueiro subiu do nível 340 (34 mil pés) para 360 (36 mil pés), mas na verdade o avião continuou na posição anterior. Um controlador, que pediu para não se identificar, confirmou que o erro ocorreu e foi percebido pelo controle de Manaus, que acionou o Cindacta 1.

Relatório da Aeronáutica indica falha humana no acidente da Gol

Um relatório da Aeronáutica indica que houve falha humana na colisão. O relatório não explica se houve falha tanto dos pilotos do Legacy quanto dos controladores, mas afirma que as análises feitas no Transponder e no Tcas do jato da ExcelAire, equipamentos que poderiam evitar a colisão, "estavam em condições de funcionar até o acidente" e que algumas "normas e procedimentos não foram corretamente executados".

Gol informa que acertou 32 acordos de indenização a familiares

A Gol divulgou nota nesta sexta-feira em que diz que "continua firme" em seus compromissos com as famílias das 154 vítimas do vôo 1907. A empresa afirma que, até agora, fechou 32 acordos de indenização, beneficiando 82 pessoas.Justiça de São Paulo proíbe pousos com reversos travados em Congonhas

Aviões que apresentem qualquer tipo de problema mecânico durante o vôo não poderão mais pousar em Congonhas. Eles terão obrigatoriamente que ser desviados para o aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos. O desembargador federal Roberto Haddad, da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-SP), também proibiu nesta sexta-feira pousos e decolagens com reverso travado ou "pinado" em Congonhas, como o Airbus da TAM, que bateu num prédio da TAM Express, provocando a morte de 199 pessoas, em julho. Com a limitação do número de passageiros, os Airbus A-320, com capacidade para 174 passageiros, precisarão ter sua ocuoação reduzida, assim como as demais aeronaves de maior porte.

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