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A ex-senadora Marina Silva espera pelo último prazo para saber o que fazer após o TSE ter negado registro ao partido Rede de Sustentabilidade | Ueslei Marcelino / Reuters
A ex-senadora Marina Silva espera pelo último prazo para saber o que fazer após o TSE ter negado registro ao partido Rede de Sustentabilidade| Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

As eleições sem Marina

De acordo com a última pesquisa do Datafolha, que é do início de agosto, Marina tinha 26% das intenções de voto para a presidência, melhor pontuação de um candidato de oposição a Dilma Rousseff, que somava 35%.

Eventual saída da ex-senadora da corrida presidencial tende a aumentar as chances de reeleição de Dilma Rousseff em 1º turno (isso ocorre quando o candidato alcança mais da metade dos votos válidos).

Na última segunda-feira, o ex-governador José Serra, segundo colocado na disputa ao Planalto em 2010, anunciou a desistência de sair do PSDB para concorrer à Presidência por outro partido.

Sem Serra e Marina, os principais adversários hoje de Dilma são o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Somados, Aécio (13%) e Campos (8%) não reúnem atualmente força suficiente, segundo o Datafolha, para levar a eleição para um segundo turno.

A criação da Rede contou também com o apoio de alguns congressistas que pretendiam se filiar à sigla. O deputado Walter Feldman (SP) se desfiliou na quarta do PSDB e afirma que não será candidato em 2014. Alfredo Sirkis (PV-RJ) teme que o PV não lhe dê a legenda para disputar a reeleição para a Câmara. Domingos Dutra (PT-MA) deve ir para o Solidariedade ou para o PSB.

A ex-senadora Marina Silva, que ocupa a segunda posição na preferência do eleitorado para a disputa à Presidência em 2014, segundo pesquisas, deve anunciar neste sábado seu futuro político. A decisão foi divulgada na tarde desta sexta-feira (4), em coletiva de imprensa que ainda não terminou. "Ainda estou num processo de decisão. Exatamente porque é sério que ainda tenho uma longa noite e um dia", disse.

O Tribunal Superior Eleitoral rejeitou o pedido de registro da Rede Sustentabilidade, na noite desta quinta-feira (3), partido que ela tentava criar para disputar a eleição presidencial do ano que vem. De acordo com a relatora, ministra Laurita Vaz, a Rede cumpriu todos os requisitos para o registro de partido, exceto a entrega do número mínimo de apoios validados pelos cartórios. O voto dela foi seguido pela maioria dos ministros.

Com a decisão do TSE, Marina Silva tem até este sábado (5) para afiliar-se a um partido, tempo mínimo exigido pela Lei Eleitoral para poder concorrer às eleições de 2014.

Convites

Depois da decisão do TSE, a ex-senadora Marina Silva recebeu novamente convites para se filiar ao PEN, ao PPS e ao PTB.

"Solidário reafirmo convite do PPS para que junto com a Rede se integre conosco para ser candidata e disputar 2014", escreveu o presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), no Twitter.

O PPS já havia convidado Marina para se juntar aos quadros do partido quando ela deixou o PV, após disputar a eleição de 2010 pelos verdes e terminar em terceiro lugar com quase 20 milhões de votos.

À época, no entanto, a ex-senadora preferiu trabalhar para fundar a Rede Sustentabilidade, partido que teve o pedido de registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na noite de quinta-feira.

Marina também recebeu convite para entrar no PTB, que colocou a legenda à disposição da ex-senadora para ser candidata presidencial em 2014, de acordo com o secretário-geral da sigla, o deputado estadual paulista Campos Machado.

"Eu vi uma série de coincidências entre o ideário trabalhista, o petebismo e a pregação da Marina Silva. Para nós, a Marina é o Getúlio Vargas de saia", disse o deputado.

"Ela vindo é a candidata nossa (à Presidência)", garantiu Campos Machado, que disse que tratou do assunto com a direção nacional do partido.

Outra legenda que reiterou convite para a ex-senadora foi o Partido Ecológico Nacional (PEN). O presidente da sigla, Adilson Barroso, voltou a afirmar que a direção do PEN aceita inclusive mudar o nome do partido para Rede e que Marina poderá ser a presidente nacional da sigla.

"Se ela quiser uma ideologia voltada à sustentabilidade, tem que vir para o PEN", disse Barroso, acrescentando que vários integrantes da Rede em vários Estados já estavam se filiando ao PEN nesta sexta.

Análise

Na avaliação de analistas, a decisão de Marina sobre disputar ou não a Presidência da República será crucial na definição das estratégias dos demais candidatos.

Uma candidatura da ex-senadora pode mudar a polarização entre PT e PSDB, que dominam as disputas presidenciais desde 1994, e aumenta as chances de um segundo turno.

A presidente Dilma Rousseff lidera as pesquisas de intenção de voto à frente de Marina. O presidente do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves, aparece em terceiro, e o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ocupa a quarta posição nas pesquisas.

Rede foi o único a fracassar

A insuficiência na comprovação do apoio popular faz com que a Rede seja o único a fracassar entre os três que pleiteavam registro recentemente. Tendo começado a coleta de apoio bem antes do que a Rede, o Pros (Partido Republicano da Ordem Social) e o Solidariedade, do presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, tiveram seus pedidos aprovados na semana passada pelo TSE apesar de haver suspeita de fraudes nas assinaturas entregues ao tribunal.

As duas legendas movimentaram o "mercado" de troca-troca de políticos entre as legendas, que deve atingir cerca de 60 mudanças só na Câmara até sábado.

"Não temos o registro, mas temos a ética", disse Marina a aliados que a abraçaram após o fim da sessão, que ela acompanhou no plenário do TSE.

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