A ex-senadora Marina Silva afirmou ontem que, se sua chapa saísse vitoriosa da disputa pelo Planalto em 2014, procuraria os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para ter governabilidade no Congresso.
"Eu não teria nenhum problema, como aliada a Eduardo [Campos] e se ele ganha as eleições, de conversar com Lula e Fernando Henrique para que a gente possa pôr um basta nesse terror que virou hoje a governabilidade com base em distribuição de pedaços do Estado", afirmou em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.
Marina, que é potencial candidata à sucessão de Dilma Rousseff, tem feito série de críticas ao modelo de presidencialismo de coalizão adotado desde a redemocratização. Apesar de dizer que recorreria aos ex-presidentes, lembrou que o tucano foi "tutelado" por Antonio Carlos Magalhães (DEM) e o petista, pelo senador José Sarney (PMDB).
A ex-senadora se filiou ao PSB em 5 de outubro, ao ver negado o pedido de registro do partido que tentava criar --a Rede Sustentabilidade. Ela voltou a dizer que não houve definição sobre ocupar a posição de vice de Campos na chapa socialista, mas que partiu do princípio de que o pernambucano é candidato.
"Quando conversamos não se fez discussão sobre vice, não vice. Partiu-se do princípio de que o PSB tem uma candidatura e eu estava dialogando com esse candidato. Quando Eduardo Campos diz que isso será decidido em 2014 é porque ele tinha uma construção anterior de que a decisão dele seria tomada em 2014", afirmou.
O programa, que normalmente é retransmitido em rede nacional pela TV Brasil, do governo federal, não foi exibido pela emissora ontem. O canal afirmou que houve um "problema técnico" e que a entrevista será transmitida na integra, hoje, às 22h.
A ex-senadora também voltou a negar que as críticas que fez ao deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) se estendam a todo o setor do agronegócio. O parlamentar, da bancada ruralista, rompeu apoio a Campos em Goiás após a aliança do pernambucano com Marina. "Existem agronegócios, no plural. E, obviamente, uma crítica ao setor mais atrasado do ruralismo não pode ser endereçada ao agronegócio e ao desenvolvimento rural brasileiro, que é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento do país."
Marina também criticou o PAC, vitrine de Dilma na área de infraestrutura. "O PAC não é um plano, não é sequer um programa, é uma espécie de gestão de obra a obra."