O ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho apresentou nesta quinta-feira, na CPI dos Correios, um dossiê de mais de 300 páginas que enumera supostas irregularidades em contratos da estatal. A informação é do sub-relator de movimentação financeira da comissão, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Segundo a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), Marinho disse ainda que a prática de superfaturamento e de desvios de recursos dos Correios também ocorreu no governo Fernando Henrique Cardoso, quando a estatal era dirigida por Hassan Gebrim. Foi nesse período, de acordo com ele, que a empresa passou pelas maiores mudanças nas áreas de tecnologia e de processos.
Para a senadora, o depoimento comprovou que as irregularidades nos Correios vêm sendo praticadas há muito tempo e beneficiaram vários partidos.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que também participou do depoimento, disse que Marinho informou aos parlamentares que os prejuízos provocados pelas irregularidades nos Correios, só na área de franquias, chegam a R$ 1 bilhão por ano.
- Ele disse que o sistema de franquias já começou errado - afirmou o senador.
Ainda segundo Álvaro Dias, Marinho revelou à CPI que há muito tempo empresas que trabalham com os Correios patrocinam o que ele definiu como um "esquema de agrado", isto é, de pagamento de propinas. O senador disse que os recursos seriam usados para abastecer campanhas eleitorais do PT, PTB e PMDB.
Já a senadora Heloisa Helena (PSOL-AL) disse que Marinho teria dito que um edital para compra de furgões teria sido modificado para privilegiar a Fiat, em detrimento da Renault. O edital exigiria uma diferença de dois centímetros no tamanho do carro, privilegiando assim uma empresa.
Heloísa Helena considera que a CPI já tem provas de crimes contra a administração pública por parte dos gestores operacionais dos Correios. A senadora defendeu a aprovação o mais rapidamente possível da quebra de sigilo bancário, telefônico e fiscal de todos os administradores da estatal nos últimos anos, uma vez que a CPI aprovou apenas duas quebras de sigilo desses gestores até agora.
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