O publicitário João Santana admitiu ser o controlador da conta na Suíça que recebeu US$ 7,5 milhões da Odebrecht e do operador de propina Zwi Skornicki, mas afirmou que sua mulher, Mônica Moura, é a responsável pelas movimentações e que “não sabe dizer quais valores foram recebidos na referida conta”, que era mantida como uma poupança para sua aposentadoria.
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Em depoimento prestado na manhã desta quinta-feira à Operação Lava Jato , o marqueteiro afirmou que não sabe se Mônica tem procuração para fazer a movimentação e que não sabe quem são os beneficiários. Ele autorizou acesso a todos os dados da conta ShellBill, na Suíça, onde foram depositados os valores investigados pela Lava Jato.
Santana disse que a conta foi aberta entre 1998 e 1999 para receber cerca de US$ 70 mil por serviços prestados na Argentina, por meio de um representante no Uruguai que teria sido indicado por um amigo argentino.
Ele disse que só tomou conhecimento de que a conta não era relacionada à Polis Argentina, sua empresa no país vizinho, quando foi feita uma auditoria em suas empresas. Não soube precisar a data, mas disse que tinha intenção de legalizar a conta, mas que sempre houve dúvidas em relação a qual país devesse fazê-lo, já que a conta recebia recursos de campanhas no exterior.
Conselhos
Santana negou ter recebido dinheiro no exterior valores originados das campanhas presidenciais no Brasil. Negou ainda receber por serviços prestados ao governo federal. Segundo ele, os “eventuais conselhos de maneira esporádica” prestados ao governo federal não foram remunerados. Aos investigadores, disse que foi “um doador de serviços ao governo em razão do prazer que isso lhe gera e da facilidade que possui”.
O marqueteiro, responsável pela campanha do ex-presidente Lula em 2006 e da presidente Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, disse acreditar que a conta passou a receber maior volume de recursos entre 2011 e 2012, quando atuou em campanhas em Angola, República Dominicana e Venezuela.
Marqueteiro do PT admite que recebeu dinheiro da Odebrecht no exterior
Leia a matéria completaNão sabe, no entanto, esclarecer a origem dos valores que entraram na conta, nem o destino deles. Sabe apenas que em alguns momentos foram usados recursos da conta para comprar equipamentos ou pagar fornecedores, pois Mônica Moura sempre cuidou da área administrativa e financeira do casal.
Odebrecht
Santana afirmou que não mantém nenhum relacionamento comercial com o Grupo Odebrecht e que esteve uma única vez com Marcelo Odebrecht, num evento social. Disse que não conhece também Emílio Odebrecht e Norberto Odebrecht, os antecessores de Marcelo. Eventuais contatos com executivos do grupo, segundo ele, foram no curso das campanhas políticas, para ter acesso a obras ou apoio logístico.
O publicitário disse que ficou sabendo pela imprensa que sua conta na Suíça recebeu valores da Klienfeld, que teria sido usada pela Odebrecht para pagar propina no exterior a agentes da Petrobras. Afirmou que desconhece Fernando Migliaccio, apontado como gerenciador das contas, e admitiu conhecer apenas um dos executivos da Odebrecht, Hilberto Silva, por relacionamento social.
O marqueteiro afirmou que não sabia que a conta ShellBill tinha recebido dinheiro de Zwi Skornicki. Desconhecia o teor do bilhete enviado ao operador por Mônica Moura, no qual ela afirma que havia apagado, “por motivos óbvios”, o nome de uma empresa de um contrato a ser copiado. Os investigadores da Lava-Jato acabaram descobrindo que a empresa era a Klienfeld, usada pela Odebrecht. Mônica também indicou o nome de duas contas em que o operador devia fazer pagamentos.
Santana afirmou que desconhece o apelido “Feira”, que a Polícia Federal atribui como sendo a forma que executivos da Odebrecht usavam para atribuir valores destinados a ele, entre os anos de 2008 e 2011.
O publicitário também negou ter qualquer outra conta no exterior. Doze nomes foram apresentados a ele por policiais federais e procuradores da Lava-Jato. Para o Ministério Pùblico Federal, o dinheiro repassado pelo operador a Santana pode ter saído de contratos da Petrobras, referentes a plataforma P-51 ou sondas da Sete Brasil.
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