A vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT-SP), saiu em defesa do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, ao classificar nesta segunda-feira (16) de "oportunismo político" as notícias sobre a evolução do patrimônio do ministro, aumentado em 20 vezes entre 2006 e 2010.
"É oportunismo político. A gente não sabe de onde vem isso. Tem mil hipóteses. Mas fiquei muito chocada", afirmou Marta.
De acordo com o jornal "Folha de S.Paulo", Palocci comprou um apartamento de luxo no bairro do Jardins, em São Paulo, por R$ 6,6 milhões, que foi registrado em nome da empresa dele em novembro de 2010. Ainda segundo o jornal, um ano antes, Palocci comprou um escritório na cidade por R$ 882 mil. O imóvel, segundo a reportagem, também foi registrado em nome de uma empresa na qual o ministro possui 99,9% do capital.
Para defender Palocci, Marta ainda lembrou as declarações do presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência, Sepúlveda Pertence. Mais cedo, nesta segunda, ele disse que decidiu não investigar a notícia da evolução patrimonial do ministro. "Não nos cabe indagar da história das fortunas dos pobres e dos ricos que chegam a ministro de Estado", afirmou após debater o tema na reunião mensal da comissão.
"Ele [Palocci] fez tudo legalmente, é um brasileiro que trabalhou legalmente, declarou, pagou impostos, quando foi convidado para ser ministro levou seu patrimônio, sua declaração de renda à Comissão de Ética da Presidência da República e agora o próprio Sepúlveda [Pertence, presidente da comissão de ética] declarou que tudo está bem, que não tem nada a investigar", argumentou Marta.
Questionada sobre se Palocci não deveria esclarecer a natureza das atividades que o levaram a ampliar o patrimônio, Marta lembrou a nota emitida pelo próprio Palocci sobre o caso: "É o que ele diz da nota: atividades privadas todinhas declaradas à Comissão de Ética. O resto é fazer marola, tentar perturbar o governo da ministra Dilma Rousseff que mal está começando e já tem gente querendo perturbar o governo."
Oposição
O líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), afirmou nesta segunda que irá apresentar à Comissão de Fiscalização e Controle da Casa um requerimento solicitando a convocação de Palocci para dar explicações sobre a evolução patrimonial. Para ACM Neto, embora não seja possível afirmar que existam irregularidades no caso, o ministro-chefe da Casa Civil, por ser o "segundo político mais importante na República", precisa prestar esclarecimentos.
"Estamos apresentando requerimento junto à Comissão de Fiscalização e Controle para convocar o ministro. Acredito que ele precisa ir à Câmara e prestar esclarecimentos sobre a evolução patrimonial dele nos últimos anos. Não é normal um homem público multiplicar por 20, em apenas quatro anos, o seu patrimônio", disse ACM Neto.
Já o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), afirmou que o caso seria apurado pela oposição a partir da Câmara porque Palocci foi deputado, mas disse que o ministro poderá ser alvo de representação à Procuradoria Geral da República, caso não apresente esclarecimentos sobre o seu patrimônio.
A senadora Marta Suplicy criticou a tentativa da oposição de convocar Palocci para esclarecer o caso. Para Marta, a oposição tenta "fazer marola, tenta perturbar" o governo da presidente Dilma Rousseff ao defender investigações sobre a origem da renda.
"A oposição vai fazer tudo que ela vai fazer. Não é necessário. Vai ser visto como oportunismo político. Aqui, [no Congresso] ninguém quer saber nada da realidade. Aqui, as pessoas querem fazer marola, perturbar, e é isso que estão tentando fazer", afirmou Marta.
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