O paulistano deve enfrentar problemas de novo para se locomover na cidade nesta terça-feira. O comando geral da Polícia Militar anunciou que os ônibus circularão com escolta e, mesmo assim, só metade da frota sairá às ruas. Ou seja, dos 20 mil, só 10 mil estarão à disposição da população.
Na noite desta segunda-feira, o congestionamento foi tão grande que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) parou a medição. No último informe, foram perto de 200 quilômetros. Cerca de 5.100 ônibus ficaram nas garagens. Sem eles, a população andou a esmo pelas ruas em busca de condução. Metrô e trens ficaram superlotados.
São Paulo parou de medo, embalada numa onda de boatos incontrolável - de atentados em aeroportos e repartições públicas até fechamento das estações do metrô.
E o medo não foi totalmente infundado. Em seu balanço das 20h, a polícia contabilizava 184 ataques (eram 115 até meia-noite de domingo) e 81 mortos. Os feridos somam 49.
O crime organizado incendiou 56 ônibus na Região Metropolitana de São Paulo. Foram 51 só na capital. À luz do dia, foram oito coletivos em chamas apenas no período da tarde. E até em bairros nobres, como o Campo Belo.
Os paulistanos ficaram a pé, em pânico e sem celular. As linhas congestionaram.
Houve boato até de toque de recolher na cidade, que a Secretaria de Segurança Pública negou.Na zona norte, um homem foi preso na zona norte, detido em flagrante mandando o comércio fechar as portas.
O diretor do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic), Godofredo Bittencourt, reafirmou que não houve toque de recolher algum.
- Em São Paulo não há toque de recolher. O que existe é toque de Polícia na rua. A Polícia está na rua e nós vamos segurar tudo - afirmou Bittencourt.
Na hora do almoço, Bittencourt assegurou que a polícia tinha o controle da situação. Logo depois, lojas, shoppings, universidades, escolas públicas e fechadas começaram a fechar.
A PM garantiu que o número de ataques diminuiu e citou números menores de mortes. Entre os PMs, por exemplo, a média era de 7 por dia até domingo. Nesta segunda-feira, foram dois mortos na corporação.
A polícia criou um grupo de elite, em conjunto com o Ministério Público, para rastrear os ataques. A temida Rota sairá às ruas com 141 viaturas de patrulhamento.
Segundo a PM, 91 pessoas foram presas e 39 bandidos foram mortos em confronto com policiais.
Além dos ataques à ônibus, os bancos também foram alvos de ataques. Foram pelo menos nove agências atacadas por bandos armados.
Nos ataques aos ônibus, grupos de bandidos paravam os veículos e mandavam os passageiros descer. Em seguida, jogavam gasolina e ateavam fogo. Até mesmo o Corpo de Bombeiros, na tentativa de conter os incêndios, foi recebido a tiros pelos criminosos.
A cabine de uma estação do metrô foi atacada a tiros, emArtur Alvim, na zona leste. Pelo menos nove terminais de ônibus ficaram fechados.
Nos presídios, a situação foi controlada. A Secretaria de Administração Penitenciária informa que acabaram as rebeliões em todos os presídios. Restaram motins apenas em duas cadeias públicas, de Serra Negra e Cruzeiro.
O governador de São Paulo, Claudio Lembo, voltou a recusar a presença de tropas federais no estado.
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