O vice-presidente Michel Temer (PMDB) fechou seu foco de análise de nomes cotados para o Ministério da Fazenda, caso venha a assumir a Presidência. O peemedebista está entre o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, que ocupou o cargo nos oito anos de governo Luiz Inácio Lula da Silva, e o senador José Serra (PSDB-SP), que foi ministro do Planejamento e da Saúde na gestão Fernando Henrique Cardoso.
A favor do primeiro – mais bem posicionado neste momento para ocupar esse posto, conforme integrantes do grupo próximo de Temer – conta o potencial que ele tem de transmitir confiança ao mercado. Na outra ponta, Serra enfrenta entraves dentro de seu partido, que avalia até punir quem aceitar cargos num eventual governo Temer.
Nesta segunda-feira (25), em entrevista no Senado, o tucano negou ter sido sondado ou convidado para assumir a Fazenda de um eventual governo Temer, informação antecipada à tarde pela jornalista Sonia Racy, na versão online da coluna Direto da Fonte. “Tenho conversado com o vice-presidente sempre, mas não tratamos desse assunto. Não tenho na cabeça história de ministério”, disse Serra.
Segundo apurou a reportagem, Temer gostaria de ter o apoio institucional do PSDB para que Serra assumisse a Fazenda. Com isso, teria certeza do engajamento total dos tucanos em sua gestão. Caso isso não aconteça, Serra poderia assumir uma pasta na cota pessoal de Temer, como uma nova pasta da Infraestrutura, Educação ou Saúde.
Pautas
O vice se encontrou com Meirelles no sábado (23), no Palácio do Jaburu. Na noite de domingo (24), se reuniu com Serra no mesmo local. Temer não fez convites formais aos interlocutores, o que só deve ocorrer após a análise do impeachment pelo Senado. Na conversa com Serra, os dois falaram de economia, da dificuldade financeira dos Estados e de meta fiscal.
Serra alertou Temer de que uma das primeiras providências que terá de enfrentar no Congresso, se assumir a Presidência, é aprovar a proposta de revisão da meta fiscal de 2016 até o fim de maio, sob pena de paralisar a máquina pública federal. O tucano tem defendido a votação dessa proposta o quanto antes pelos parlamentares, por considerar o assunto como relevante no curto prazo.
Outro receio de Serra externado ao vice é com o potencial prejuízo bilionário para os cofres públicos federais, caso o Supremo Tribunal Federal altere a fórmula de composição dos juros das dívidas dos Estados com a União, alterando-os de compostos para simples. O plenário do STF julgará o assunto amanhã.
No jantar, Serra disse a Temer que não é majoritária no PSDB a posição segundo a qual tucanos que participarem do governo do peemedebista terão de se licenciar do partido.
Visões
Meirelles e Serra têm visões diferentes da economia – no ano passado, o tucano chegou a classificar o ex-presidente do BC como o “pior” da história. No entanto, Meirelles goza de respeito entre analistas de mercado, dada a longa carreira no setor bancário e até por certo “traquejo político”. O ex-presidente do BC foi eleito deputado em 2002 pelo PSDB goiano, mas abdicou do cargo e da filiação tucana para assumir o BC com Lula, além de ter passagens por PMDB e PSD. No quesito político, Serra leva vantagem, mas o perfil centralizador e mais “intervencionista” desperta certa desconfiança entre os analistas.
Economistas apontam como trunfos de Meirelles um “reforço na confiança dos investidores internacionais”, um dos pontos que mais fragilizaram a presidente Dilma Rousseff. Entretanto, uma lacuna considerada relevante para um futuro ministro da Fazenda no currículo de Meirelles, como lembra um economista, é a falta de experiência na gestão da política fiscal - provavelmente o maior desafio macroeconômico de uma eventual gestão Temer. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Como a PF costurou diferentes tramas para indiciar Bolsonaro
Problemas para Alexandre de Moraes na operação contra Bolsonaro e militares; acompanhe o Sem Rodeios
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Enquete: como o Brasil deve responder ao boicote de empresas francesas à carne do Mercosul?
Deixe sua opinião