Mensagens trocadas pelo WhatsApp entre o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, e o executivo da empresa Paulo Gordilho reforçam suspeitas de ligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua mulher, Marisa Letícia, com o sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo, e com o tríplex no condomínio Solaris, no Guarujá, litoral do Estado.
A informação foi revelada pela revista Veja em sua edição deste fim de semana e confirmada pelo Estado com autoridades da Operação Lava Jato. Os textos, de fevereiro de 2014, indicam que Gordilho e Léo Pinheiro, este ainda na presidência da OAS, estavam empenhados em concluir um projeto de instalação de cozinha que, na avaliação dos investigadores, seria a do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, e também a do apartamento no litoral - ambas propriedades atribuídas ao petista e sua família, o que é negado pelos advogados dele.
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Leia a matéria completa“O projeto da cozinha do chefe está pronto. Se (puder) marcar com a Madame pode ser a hora que quiser”, escreveu Gordilho. “Amanhã às 19 hs vou confirmar, seria bom tb ver se o do Guarujá está pronto”, respondeu Léo Pinheiro. “O do Guarujá está pronto”, devolveu Gordilho. “Em princípio, amanhã às 19 hs”, anotou Léo Pinheiro.
“Chefe” e “Madame”
Segundo a revista, os investigadores consideram que “chefe” é uma referência a Lula e “Madame” uma citação a Marisa Letícia. Estas e outras mensagens foram resgatadas pela Operação Lava Jato em dois aparelhos celulares do empreiteiro.
Preso. Léo Pinheiro foi preso pela Polícia Federal em novembro de 2014, na Operação Juízo Final, etapa da Lava Jato que pegou alguns dos maiores construtores do País como integrantes de um cartel que se apossou de contratos bilionários da Petrobrás entre 2004 e 2014. O empreiteiro foi condenado a 16 anos e quatro meses de reclusão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A força-tarefa da Lava Jato e também o Ministério Público de São Paulo suspeitam que a OAS, junto com outras empreiteiras, bancou reformas do tríplex 164-A do Solaris e do sítio Santa Bárbara. Depoimentos de engenheiros que trabalharam nos dois locais indicam que Marisa Letícia queria celeridade nas obras.
Em outras mensagens, Gordilho pergunta a Léo Pinheiro se a reunião estava confirmada. “Vamos sair a que horas?”. “O Fábio ligou desmarcando. Em princípio será às 14 hs na segunda. Estou vendo, pois vou para Uruguai”, respondeu ele.
Segundo a Veja, os investigadores supõem que Fábio é Fábio Luís, o Lulinha, filho mais velho do ex-presidente.
Os advogados da OAS afirmaram que não tiveram acesso às mensagens e que, por isso, não iriam comentar. O Instituto Lula não havia se pronunciado.
Instituto Lula reafirma que não ocultou patrimônio
O Instituto Lula disse em nota que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprovou com documentos “jamais” ter ocultado patrimônio. O comunicado foi enviado à Rede Record, em resposta à matéria de capa da revista Veja, na edição desta semana. A publicação aponta que investigadores encontraram no telefone de dirigente da OAS detido na Operação Lava Jato mensagens nas quais ele conversa com funcionários sobre exigências do ex-presidente e de sua esposa, Marisa, em obras de reformas de sítio em Atibaia e apartamento triplex no Guarujá. Nas mensagens, Lula seria chamado de “chefe” e dona Marisa de “Madame”.
Veja abaixo a nota, na íntegra, enviada pelo Instituto Lula à emissora:
“O ex-presidente Lula já comprovou com documentos - inclusive sua declaração de Imposto de Renda - que jamais ocultou patrimônio. Lula não é e nunca foi dono de imóveis em Guarujá, Atibaia, Paraty ou outros lugares aprazíveis. Nunca registrou propriedade pessoal em nome de empresas fantasmas ou em paraísos fiscais. A repetição de teses caluniosas sobre Guarujá e Atibaia tem o objetivo de ligar o ex-presidente a processos em que ele não é investigado e sequer citado. Lula reside em São Bernardo, no mesmo apartamento em que morava antes de ser presidente da República. Nunca desrespeitou a lei, antes, durante ou depois de governar o País. É ilegal e vergonhosa a invasão de privacidade a que Lula e sua família vêm sendo submetidos por determinados agentes do Estado e veículos da imprensa.
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