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Apesar dos elogios internacionais que o Brasil recebe por seu programa de combate à Aids, a situação da epidemia no país ainda preocupa e, em algumas faixas etárias, apresenta patamares altos.

``Quando se fala na média de 33 mil novos casos por ano, que foi a média de 2000 a 2005, isso não é um motivo para a gente comemorar. A gente tem que estar muito preocupado'', disse à Reuters a coordenadora do Programa de DST/Aids Mariângela Simão. ``Apesar de ser uma doença que tem tratamento, um tratamento difícil, ainda não tem cura'', acrescentou.

Por isso, ela ressaltou que as pessoas devem ser estimuladas a fazer testes. ``Porque quanto mais cedo você fizer o diagnóstico da infeção, mais qualidade você pode ter no tratamento e de vida, além da possibilidade de se reduzir os riscos de transmissão'', afirmou. Nesta sexta-feira celebra-se no mundo o Dia de Luta contra a Aids.

Segundo os últimos números do Ministério da Saúde, divulgados na semana passada, o país registrou uma redução na transmissão de HIV de mães para bebês de 51,5 por cento. Ao mesmo tempo, a incidência entre os mais velhos mostra tendência de crescimento.

Isso mostra, como provam pesquisas feitas pelo ministério, que quem começou a vida sexual num mundo já com Aids, depois da década de 80, está reagindo melhor às mensagens de prevenção, ao contrário dos mais velhos. ``Quem iniciou sua vida sexual numa outra época, ainda tem dificuldade em adotar comportamento mais seguro nas relações, como o uso do preservativo'', afirmou.

Ela lembrou ainda a mudança no comportamento sexual dos que estão acima dos 50 anos, com a chegada dos medicamentos contra a impotência. ``Há claramente um prolongamento da vida sexual e isso na questão das doenças sexualmente transmissíveis claro que tem impacto.''

Na faixa de 50 a 59 anos, de 1996 a 2005, a incidência entre os homens passou de 18,2 para 29,8; e nas mulheres dessa faixa cresceu de 6,0 para 17,3. A taxa de incidência representa o número de casos registrados em um grupo de 100 mil pessoas. Estima-se que 600 mil pessoas vivem com HIV/Aids no país.

No caso dos bebês, segundo a diretora, a taxa de transmissão materna do HIV precisa ser reduzida. ``O último dado que a gente tem, de 2004, ainda mostra que 8 por cento das gestantes que são soropositivas transmitem o vírus a seus bebês'', disse. ``Então, apesar de a gente ter menos crianças infectadas por transmissão vertical, ainda é um motivo de preocupação do governo e há uma meta de reduzir esse número para menos de 1 por cento'', acrescentou.

Em relação ao tratamento, Mariângela afirmou que para manter o programa andando, o que envolve o fornecimento dos anti-retrovirais por toda a vida aos pacientes, o país continua apostando na ampliação de sua capacidade de produção nacional de medicamentos.

Ela não se refere apenas ao desenvolvimento de novos medicamentos, mas também à fabricação de matéria-prima e à melhoria dos medicamentos combinados, que podem facilitar a adesão do paciente, porque em vez de tomar três medicamentos, toma-se dois ou um.

Na polêmica questão do preço dos chamados anti-retrovirais, ela reafirmou que a postura continua sendo a de negociar, mas o país mantém sempre a possibilidade da quebra de patentes, com base no que está previsto nos acordos internacionais.

``O objetivo nosso é que as pessoas vivam anos e anos de vida saudável e que possam atingir a expectativa de vida de quando nasceram. É para isso que o tratamento existe no Brasil e é por isso que a gente faz parte da luta mundial pelo acesso para todas as pessoas que necessitam'', disse.

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