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Seguindo o exemplo de um amigo, o servidor público Geraldo Tomelin experimentou vender identificadores de chamadas para telefone pela internet. Hoje, dois anos depois, comercializa cerca de 60 produtos por semana, faturando R$ 10 mil por mês sem precisar largar o antigo emprego. O mais interessante do caso do administrador é que ele não é o único. Milhares de pessoas vivem hoje de vender produtos pela internet e, só no MercadoLivre, o maior site do gênero, existem 15 mil brasileiros com histórias parecidas.

- Agora vendo de veneno para matar formiga até tocador de mp3, passando por sutiã com enchimento. Recebo uns 300 emails por dia - conta.

Tomelin compra os produtos basicamente em importadoras e atacadistas e revende pela internet, o que lhe toma umas quatro horas por dia. O negócio cresceu e ele acabou tendo que contratar uma assistente e a alugar um galpão para guardar o estoque.

O site registra 1.555 produtos vendidos por ele nos últimos seis meses e o número pode aumentar até o fim do dia. Seis anos depois de ser criado, o MercadoLivre vende em média um celular a cada dois minutos, uma máquina digital a cada dois minutos e meio, um DVD a cada três minutos e um notebook a cada dez minutos, para citar alguns exemplos.

Fundado por um argentino chamado Marcos Galperín em 1999, o MercadoLivre sobreviveu ao estouro da bolha da internet em 2000, cresceu e hoje funciona em nove países da América Latina e América Central, movimentando meio bilhão de dólares. Metade disso é gerada só no Brasil, que responde por 4,7 milhões dos 8,1 milhões de usuários da empresa. Foram US$ 425 milhões em transações no ano passado e a estimativa é de que 2005 termine com um crescimento de 80% desse número.

Ao contrário do que muitos pensam, produtos usados são minoria nos negócios pela web. Cerca de 70% dos produtos são novos e 86% têm preço fixo. Apenas 14% das mercadorias são peças antigas vendidas pelo esquema de leilão. Na prática, o site funciona como uma grande loja de varejo online em que os vendedores são pessoas físicas independentes.

Um ano depois de entrar no ramo cibernético de cabeça, a artista plástica Débora Melo acabou largando a profissão. Hoje ela trabalha exclusivamente vendendo instrumentos pela internet e começa agora a diversificar os produtos para atender a um público consumidor maior.

Outro exemplo de brasileiro que passou a viver da renda da internet é o do desenhista industrial e colecionador de carros Gustavo Brasil. Ele usa o site para vender basicamente peças para veículos antigos fabricadas por ele, dobrando a renda que consegue com feirões mensais especializados.

- A vantagem é que tenho acesso a outros estados. Já vendi até para fora. Faturo cerca de R$ 10 mil por mês e consigo tirar em média um lucro de 30% desse valor - conta.

Para vender por esse tipo de site é preciso apenas se cadastrar. Depois, qualquer um pode anunciar ou comprar produtos, mas deve-se pagar uma comissão ao site (geralmente de 5%) depois de efetuada a transação.

O segredo para crescer no ramo é construir uma boa reputação entre os compradores. A única garantia ao se fazer uma transação pelo MercadoLivre é a classificação dos usuários. A cada negócio, os vendedores são avaliados pelos compradores com marcas positivas ou negativas e comentários. Vendedores que têm centenas de avaliações positivas de seus compradores e quase nenhuma reclamação são os mais procurados.

- As pessoas se sentem inseguras de comprar com gente que elas não conhecem, por isso a qualificação é tão importante. Tenho muito cuidado para atender bem os compradores - diz Tomelin, um dos líderes de vendas no site.

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