Um dia após o depoimento do publicitário Duda Mendonça, em que ele revelou ter recebido cerca de R$ 10 milhões em uma conta fora do país como pagamento de dívidas do PT, a CPI dos Correios começou nesta sexta-feira a trabalhar para tentar rastrear esse dinheiro e trazê-lo para o Brasil. Integrantes da comissão de inquérito se reuniram com a secretária nacional de Justiça, Cláudia Chagas, no gabinete do presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS), e receberam a promessa de que o Ministério da Justiça dará apoio à operação de rastreamento da conta, atuando junto a organismos internacionais de investigação, como a Interpol.
Cláudia Chagas afirmou que o ministério vai pedir a colaboração dos países que têm instituições financeiras envolvidas na transferência do dinheiro. Embora o Brasil não tenha acordo de colaboração com as Bahamas, onde foi aberta a conta, a secretária acredita que isso não deve impedir a cooperação. Cláudia informou que Estados Unidos e Brasil já firmaram acordo de colaboração sobre o tema.
A secretária não descartou a possibilidade de bloqueio e repatriação dos recursos.
- Se o dinheiro for de origem ilícita, o governo brasileiro vai com certeza se empenhar para recuperá-lo. Mas é preciso antes esclarecer qual a origem desse dinheiro - observou.
Delcidio: CPI vai qualificar investigações
O senador Delcidio Amaral disse que o depoimento de Duda Mendonça foi 'contundente' e exigiu a mudança no foco dos trabalhos da CPI.
- Pela primeira vez, nós vamos começar a qualificar mais as investigações, porque agora existem outros sinais, outras alternativas de investigação que alteram, efetivamente, tudo aquilo que nós já tínhamos obtido - afirmou ele.
Delcidio espera tomar nos próximos dias uma série de providências para efetivar o trabalho da CPI com o Ministério da Justiça.
- Vamos rastrear todas as outras contas apresentadas pelo publicitário para descobrir de onde os depósitos se originaram - declarou.
Sampaio defende investigação de fundos de pensão
O sub-relator da sistematização de documentos e controle das investigações da CPI dos Correios, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), defendeu a mudança de foco das investigações da comissão depois do depoimento do publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha do PT nas últimas eleições.
- Precisamos apurar que depósitos foram esses e rastrear todas as informações desse caixa dois internacional. Até agora, só sabíamos do caixa dois do Brasil - disse Sampaio, que participou da reunião com Cláudia Chagas.
Sampaio defendeu ainda a investigação da atuação dos fundos de pensão, de onde viria, segundo ele, parte do dinheiro utilizado no esquema e a restrição dos novos depoimentos a pessoas que estariam "no comando do esquema". Ele citou o deputado José Dirceu (PT-SP) e o coordenador do Núcleo de Assuntos Estratégicos do governo, Luiz Gushiken, como dois dos principais depoimentos a serem tomados.
O sub-relator de movimentação financeira, Gustavo Fruet (PSDB-PR), também presente ao encontro com a secretária de Justiça, afirmou que Duda Mendonça revelou a caracterização de novas irregularidades além do crime eleitoral:
- Foram caracterizados os crimes de lavagem de dinheiro, de sonegação fiscal e contra o sistema financeiro - listou.
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