A ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou neste sábado (26) a soltura de Dimas Soares de Veras, irmão do empresário Zuleido Veras, dono da construtora Gautama, acusada pela Polícia Federal de fraudar licitações públicas.
A prisão foi revogada depois do depoimento de Dimas à ministra neste sábado. Ele era responsável pela atuação do grupo no Piauí. Dimas deixou o STJ acompanhado dos advogados logo após o depoimento.
Com isso, sobe para 39 o número de libertados dentre os 48 que foram presos desde o início da Operação Navalha, da Polícia Federal. Ao todo, nove permanecem presos, entre eles o próprio Zuleido Veras.
O dono da Gautama recusou-se a depor neste sábado e voltou para a carceragem da Polícia Federal. Antes dele, depôs a diretora comercial da construtora Gautama, Maria de Fátima Palmeira. A ministra decidiu mantê-la presa até o depoimento de Zuleido. Como o dono da Gautama ficou calado, não se sabe ainda se Maria de Fátima será solta.
Devem depor neste sábado Abelardo Sampaio Lopes Filho, engenheiro e diretor da Gautama, Gil Jacó Carvalho Santos, diretor financeiro da construtora, Rodolpho de Albuquerque Soares de Veras, filho do dono da Gautama, a funcionária da construtora Tereza Freire Lima, Henrique Garcia de Araújo, administrador de uma fazenda do Grupo Gautama, e João Manoel Soares Barros, funcionário da empresa. O outro preso, Vicente Vasconcelos Coni, já depôs durante a semana que passou.
Os advogados de Zuleido e Maria de Fátima disseram que entrariam ainda neste sábado com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). A diretora da Gautama teve problemas de saúde após o depoimento e foi atendida pelos médicos do tribunal. Segundo informações da assessoria, ela deve fazer um eletrocardiograma para se obter mais detalhes.
A fraude
De acordo com a Polícia Federal, a Gautama atuaria infiltrada no governo federal e em governos estaduais e municipais mediante pagamento de propina a servidores, políticos e ex-políticos.
A PF apresentou gravações telefônicas em que o empresário estaria negociando supostas propinas com políticos e servidores públicos. Em uma das ligações, Zuleido estaria combinando o pagamento de propina com o deputado distrital Pedro Passos (PMDB), que consegiu a liberação de um crédito suplementar no valor de R$ 3,5 milhões destinado à Secretaria de Agricultura para pagamento da Gautama.
A advogada Sonia Rao, que faz a defesa de Zuleido, nega que ele tenha comandado o esquema, dizendo que "há um certo folclore de que o poder público não pode entrar em contato com os empresários". Ela alega que as conversas gravadas pela Polícia Federal são "técnicas" e que é "normal o empresário pressionar para receber porque o governo geralmente demora a pagar".
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