A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello fez uma defesa enfática do Bolsa Família e duras críticas ao corte de R$ 10 bilhões previstos no programa, proposto pelo relator do Orçamento, Ricardo Barros (PP-PR) . Na Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados, Campello fez uma apresentação das consequências desse corte e diz que, se aprovado, 23,2 milhões de pessoas ficarão fora do programa de transferência de renda, dos quais 11 milhões de menores de 18 anos e cerca de 8 milhões de miseráveis do país recairiam na pobreza. Sobre o corte, ela disse ainda:
“A cada hora, seis crianças de até cinco anos poderiam apresentar desnutrição crônica e a cada dois minutos uma criança deixaria de frequentar escola”, afirmou Tereza Campello. Desde 2012, o número total de famílias beneficiadas se mantém estável em 13,9 milhões. O corte proposta por Barros significa uma redução de 35% da verba orçamentária do programa prevista para 2016, que é de R$ 28,8 bilhões. O relatório do Orçamento começa a ser votado nesta q uarta-feira (2).
A ministra ganhou a adessão do deputado tucano Eduardo Barbosa (PSDB-MG), um atuante defensor de projetos sociais. Ele elogiou a ministra e criticou o corte. “A ministra mostrou de forma didática e convincente. Ela foi brilhante ao mostrar o impacto desse corte na vida das pessoas mais vulneráveis. Não se pode buscar solução para déficit fiscal atingindo os que mais dependem do Estado. Não podemos abrir mão dessa conquista”, disse Barbosa.
Ricardo Barros apareceu na comissão e pediu a palavra. Ele criticou a condução do Bolsa Família e disse que a gestão do programa é “crítica”. Barros disse que o corte que propôs tem como base dados da Controladoria Geral da União (CGU) e que não está cortando de quem precisa. O relator afirmou que está fazendo uma “lipoaspiração” no programa e enxugando os excessos.
“Não tenho dúvida de que temos uma gestão crítica no Bolsa Família. Segundo dados da CGU, 61% das famílias visitadas estão enquadradas na renda. Tem família, com pai, mãe e três filhos que têm renda de R$ 2 mil que recebe o Bolsa Família. E mais: R$ 2 bilhões estão parados na conta de beneficiários. Quem precisa não deixa dinheiro na conta. Existem 52 milhões no cadastro único. E não se verifica nada. Há uma tentativa de passar uma posição unilateral para a sociedade. Quer se criar um clima de comoção, que estou tirando de quem precisa. Não é verdade. Tirando, sim, de quem não precisa. Estou propondo um enxugamento, uma lipoaspiração no programa”, disse Ricardo Barros, que afirmou que tem sido elogiado nos corredores por sua iniciativa.
“Onde passo, tenho sido elogiado nos corredores. Ascensoristas, motoristas, pessoal da limpeza. Todos me apoiam. Me contam que o vizinho tem o cartão (do Bolsa Família) e sabe que não precisa. O abuso mora ao lado”, completou Barros.
Segundo os dados apresentados por Tereza Campello das 23,2 milhões de pessoas atingidas, 9 milhões vivem no Nordeste, 7,4 mlhões no Sudeste, 2,6 milhões no Norte, 2,3 milhões no Sul e 1,7 milhão no Centro-Oeste.