O ministro da Cultura, Juca Ferreira, se exaltou nesta quarta-feira e chamou a oposição e a imprensa de mentirosos ao comentar acusações de que recursos de sua pasta teriam sido usados para a produção de um folheto que estimularia o voto em parlamentares ligados ao setor.
Ferreira disse que a acusação é infundada e, com os olhos marejados e em voz alta, reconheceu que está indignado e emocionado com as acusações.
"Meu pinto, meu estômago, meu coração e meu cérebro são uma linha só. Não são fragmentados. Fui desrespeitado pela imprensa que reverberou sem investigar e por dois ou três deputados", disse o ministro.
"Não acredito em pessoas que não têm capacidade de se indignar. Vocês recebem (dinheiro) para escrever mentira", acusou.
O ministro argumentou que o folder, intitulado "Vota Cultura" e que tem o nome de 250 deputados que integram a frente parlamentar suprapartidária em defesa da cultura, tem o objetivo de divulgar projetos do setor.
"O folder apresenta oito projetos estratégicos dessa frente. Não tem nada ilegítimo. A Câmara não tinha tempo para publicar o folder, a frente nos pediu e nós fizemos", disse.
"Ali tem nomes de deputados da oposição e da situação. Até do Rodrigo Maia (presidente nacional do DEM). Olha nos meus olhos e diga: Você acha que eu faria campanha para Rodrigo Maia?", indagou.
Para Ferreira, as acusações relacionadas à produção do panfleto têm como pano de fundo a divulgação na segunda-feira da pesquisa CNT-Sensus que mostrou ascensão da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência da República, ao mesmo tempo que apontou queda do provável candidato da oposição, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
"A oposição tinha recebido a informação que Dilma cresceu e Serra caiu... Eles estão supondo que o Vale Cultura é para exibir o filme do Luiz Carlos Barreto... o filme vai acabar sem nenhum dinheiro federal", acrescentou numa referência ao filme "Lula, o Filho do Brasil", sobre a trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ferreira, que sucedeu o músico Gilberto Gil, é filiado ao PV, partido da pré-candidata à Presidência e ex-ministra do Meio Ambiente, senadora Marina Silva.
Questionado por parlamentares no Congresso na terça-feira, o ministro chegou a negar que sua pasta fosse responsável pela confecção do material, mas em nota divulgada após sua visita ao Congresso confirmou que o folder foi endossado pela pasta.
De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, foram produzidos 4.500 panfletos a um custo de 11 mil reais. A assessoria afirmou ainda que o material foi produzido para marcar a Semana Nacional da Cultura e o Dia Nacional da Cultura, celebrado no último dia 5 de novembro.
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