| Foto: Aniele Nascimento/Aniele Nascimento

O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle escolhido pelo presidente interino Michel Temer, Fabiano Silveira, criticava a operação Lava Jato e orientava investigados enquanto tinha um cargo de conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que fiscaliza o poder Judiciário.

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Fabiano Silveira foi gravado pelo ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, que se tornou delator da operação, na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros. Os áudios foram exibidos pelo programa “Fantástico”, da TV Globo.

Numa das frases, após Machado criticar o Procurador-geral de Justiça, Rodrigo Janot, Silveira diz: “Eles estão perdidos nessa questão [da Lava Jato]”.

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Segundo o programa, a gravação ocorreu no fim de fevereiro, na casa do presidente do Senado. Fabiano é servidor do Senado e foi indicado para o CNJ por Renan.

A reportagem afirma que Machado disse aos procuradores que “foi à casa de Renan para conversar sobre as providências e ações que ele estava pensando sobre a Lava Jato” e disse que Fabiano Silveira e outro advogado, Bruno Mendes, participaram do encontro, dizendo que “eles trocaram reclamações sobre a operação”.

A reportagem, que publica apenas parte dos áudios, diz ser possível afirmar que Fabiano Silveira e Bruno Mendes orientam os dois sobre como proceder em relação à Procuradoria-Geral da República (PGR). O atual ministro da Transparência também teria procurado integrantes da Força Tarefa da operação para pedir informações sobre os inquéritos que envolvem o presidente do Senado.

Silveira chega a dizer a Renan que ele não deveria apresentar determinados argumentos na defesa de um dos processos.

“A única ressalva que eu faria é a seguinte: está entregando já a sua versão pros caras da... PGR, né. Entendeu? Presidente, porque tem uns detalhes aqui que eles... [inaudível] Eles não terão condição, mas quando você coloca aqui, eles vão querer rebater os detalhes que colocou [inaudível]”, diz o então conselheiro do CNJ.

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Fabiano também diz que Sérgio Machado deve procurar o relator de um dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), sem citar qual deles. Em outro trecho, Renan diz estar preocupado com um processo específico da Lava Jato, a denúncia de que sua campanha teria recebido R$ 800 mil como propina numa licitação de frota na Transpetro.

“Cuidado, Fabiano! Esse negócio do recibo... Isso me preocupa pra caralho”, diz o presidente do Senado.

Outro lado

Fabiano Silveira enviou nota em que nega qualquer interferência na operação e afirma ter estado “de passagem” na residência oficial do Senado, mas que não sabia da presença de Sérgio Machado. Ele nega relação com Machado e diz que esteve “involuntariamente” e “em uma conversa informal”.

“Chega a ser despropósito sugerir que o Ministério Público – uma instituição que já deu tantas demonstrações de independência e altivez no cumprimento de seus deveres – possa sofrer qualquer tipo de interferência externa”, informa a nota de Silveira

O presidente do Senado, Renan Calheiros, não respondeu. A defesa de Sérgio Machado diz que ele não vai se pronunciar devido ao acordo de delação premiada a que está submetido.

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