As defesas
Na casa do desembargador Carreira Alvim, a informação é a de que ele convocará uma entrevista coletiva para esclarecer os fatos. Segundo parentes, Carreira Alvim já constituiu advogado.
A advogada de Antônio Petrus Kalil, Sandra Bretas, disse que foi chamada pela família para ir à Camboinhas, em Niterói, por causa do mandado de busca e apreensão. Ao chegar para acompanhar a operação comandada pela PF, porém, Bretas não pode ficar na casa.
De acordo com a advogada, ela ligou para a OAB, mas a organização não conseguiu intervir. Segundo ela, a OAB vai preparar documento sobre o cerceamento de defesa. "Terei que ir para Brasília para acompanhar o caso".
O advogado Nélio Machado, defensor do suspeito Aílton "Capitão" Guimarães, disse que o seu cliente está estarrecido com a prisão. Segundo ele, hoje em dia, Guimarães tem uma vida regular e não consegue entender porque foi preso.
Primo do delegado da PF Carlos Pereira, o advogado Luiz Marcello Pereira esteve na sede da Polícia Federal e saiu do prédio por volta das 18h do prédio. Ele contou que esteve em contato com o primo e disse que o delegado está preocupado com a imagem e alega total inocência.
Segundo Luiz Marcello, o delegado participou de varias operações policiais e era considerado conceituado no meio. "Estou incapacitado de fazer qualquer coisa porque o processo não está no Rio. Vim como parente do Carlos. Não estou aqui como advogado, não sou criminalista". Carlos Pereira foi preso na casa da mãe, em Copacabana.
Veja a lista dos presos na operação
Ailton Guimarães JorgeAniz Abrahão DavidAntonio Petrus KalilJosé Renato Granado FerreiraPaulo Roberto Ferreira LinoBelmiro Martins FerreiraLicínio Soares BastosLaurentino Freire dos SantosJosé Luiz RebelloJúlio Guimarães SobreiraJaime Garcia DiasEvandro da FonsecaSilvério Nery Cabral JúniorSérgio Luzio Marques de AraújoLuiz Paulo Dias de MattosSusie Pinheiro Dias de MattosFrancisco Martins da SilvaMarcos Antônio dos Santos BretasVirgílio de Oliveira MedinaCarlos Pereira da SilvaJosé Eduardo Carreira AlvimErnesto da Luz Pinto DóriaJosé Ricardo de Siqueira RegueiraJoão Sérgio Leal PereiraAna Cláudia Rodrigues do Espirito Santo
O inquérito da chamada Operação Hurricane (furacão, em inglês), realizada nesta sexta-feira (13) pela Polícia federal, está no Supremo Tribunal Federal - e não em um tribunal inferior - porque o nome de um ministro do STJ foi citado na investigação.
A operação, que busca terminar com um esquema de jogo ilegal, resultou na prisão de 25 pessoas, entre desembargadores, delegados da PF, um procurador que já estava afastado, contraventores, um agente e um sevidor da PF, além de empresários e advogados.
O ministro do Superior Tribunal de Justiça citado é Paulo Geraldo de Oliveira Medina, que está no STJ desde 2001. Ele é irmão do advogado Virgílio de Oliveira Medina, um dos presos na Operação Hurricane.
No ano passado, o ministro Paulo Medina concedeu uma liminar liberando máquinas de caça-níqueis no Rio de Janeiro. Um dos advogados da ação era Virgílio Medina. A liminar concedida pelo ministro foi cassada dois meses depois pela presidente do STF, Ellen Gracie, a pedido do procurador-geral da República, Antônio Fernando, que investiga a máfia.
Na véspera da concessão da liminar por Medina, de acordo com a Agência Estado, um grampo feito pela PF captou uma conversa do advogado representante dos bingos, Sérgio Luzio Marques de Araújo, também preso, com Virgílio Medina. Na gravação da PF, o irmão do ministro aparece negociando a concessão da liminar em troca de dinheiro.
A PF e a Procuradoria da República, na época, não sabiam até que ponto Virgílio falava realmente em nome de seu irmão. Mas o surgimento do nome de um possível ministro do STJ fez com que o caso, que até então tramitava pela 6ª Vara Federal Criminal do Rio, fosse encaminhado para o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.
Foi Souza quem então levou a investigação para o STF, onde por sorteio ela caiu nas mãos do ministro Cezar Peluso, que determinou as 25 prisões e os 70 mandados de busca e apreensão realizados hoje.
A ação corre no STF, em segredo de justiça, desde agosto do ano passado. Um caso só vai para o STF se houver suspeita de envolvimento de ministros de tribunais superiores, presidente da República, parlamentares federais ou ministros de estado.
O caso
A PF deve levar de avião para Brasília, ainda nesta sexta, os presos da Operação Hurricane. Dois acusados detidos na Bahia chegaram no fim da tarde desta sexta-feira (13/4) à superintendência da PF em Brasília.
A operação foi deflagrada de manhã no Rio de Janeiro, em São Paulo, na Bahia e no Distrito Federal.
Segundo a PF, em Brasília, o presos ficarão na carceragem da superintendência da PF, onde vão prestar depoimento e ficarão à disposição da Justiça. Um jato EMB-145 está à disposição da PF no Rio de Janeiro para transportar os presos. Como foram efetuadas prisões em outros estados, a PF está estudando a melhor forma de fazer o deslocamento até Brasília.
Segundo a PF, ao todo, foram cumpridos 70 mandados de busca e apreensão e 25 de prisão. As investigações foram coordenadas pelo Departamento de Inteligência da PF. Em Brasília, os policiais apreenderam documentos em dois endereços, entre eles um escritório de advocacia.
Reais, dólares, libras e euros
De acordo com a polícia, na operação foi apreendido um grande volume de dinheiro. Reais, dólares, euros e libras esterlinas estão sendo contados na sede da PF no Rio e serão transportados em um carro-forte para uma agência da Caixa Econômica Federal. Trinta carros - a maioria importados - e uma moto apreendidos foram levados para o estacionamento do Cais Porto, na Praça Mauá, no centro do Rio, em frente à PF.
Os detidos são suspeitos de envolvimento em exploração de jogos ilegais, corrupção de agentes públicos, tráfico de influência e receptação. Por envolver pessoas com foro privilegiado, o caso está sendo conduzido pelo Supremo Tribunal Federal, e o ministro Cezar Peluso decretou sigilo de justiça.
Os presos
Entre os presos, estão o ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal, desembargador José Eduardo Carreira Alvim; o juiz Ernesto da Luz Pinto Dória, do Tribunal Regional do Trabalho (15a. região, em Campinas); o delegado da Polícia Federal de Niterói, Carlos Pereira da Silva; o procurador regional da República João Sérgio Leal Pereira, que está afastado.
Também estão na lista Aniz Abraão David, o Anísio, presidente de honra da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, Aílton Capitão Guimarães, presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio, seu sobrinho Júlio Guimarães, e o banqueiro do jogo do bicho Antônio Petrus Kalil, também conhecido como Turcão.
O gabinete do ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal, desembargador José Eduardo Carreira Alvim foi lacrado na manhã desta sexta por agentes federais, no Rio de Janeiro. O presidente do tribunal, o desembargador federal Antônio Castro Aguiar não quis se pronunciar sobre a prisão dele.
"Estamos diante das maiores operações de combate a corrupção já realizadas no Brasil, pelo nível das pessoas detidas. Os delegados ganhavam para atacar determinados grupos", contou o Renato Porciúncula, diretor de Inteligência da PF.
Policiais do Paraná
Ao todo, 360 policiais de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, e 94 viaturas foram trazidos desses estados para o Rio em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
As investigações tiveram início há um ano, quando a PF descobriu contrabando de componentes eletrônicos para máquinas caça-níqueis. Na mesma época, o delegado da PF que foi preso nesta sexta, Carlos Pereira, comandou a operação Vegas para reprimir o funcionamento ilegal de bingos e de máquinas caça-níqueis. A operação acabou deflagrando duas outras ações na seqüência, Vegas II e III.
Os contraventores Anísio, Turcão e capitão Guimarães já tinham sido condenados em 1993 a 6 anos de prisão por envolvimento com o jogo do bicho. Foi o maior julgamento de bicheiros no país. Ao todo, 14 foram presos. Mas, três anos depois, favorecidos pela liberdade condicional, todos já estavam fora da cadeia.
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