O ministro do Esporte, Orlando Silva, rebateu nesta segunda-feira as críticas do presidente da Fifa sobre a preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2014 e disse que a maioria das obras está "a pleno vapor". Ele ainda convidou Joseph Blatter a vir ao país para acompanhar esse processo.
"Eu entendo a preocupação e a ansiedade da Fifa. (Mas) nós não temos que debater com a Fifa, temos que trabalhar para fazer com que o cronograma se aproxime do seu cumprimento", disse o ministro a jornalistas na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Questionado sobre a possibilidade de uma intervenção da Fifa nas obras para o Mundial, Orlando Silva respondeu: "não sou comentarista de declaração do presidente Blatter. O que eu posso dizer é que ele é sempre muito bem-vindo ao Brasil. E, quando chegar aqui, ele deve vir neste semestre ainda, terá uma noção clara da preparação do Brasil".
"Tenho certeza que ele vai ficar muito seguro que o Brasil realizará um grande Mundial", acrescentou.
Blatter alertou mais cedo nesta seguida que o Brasil precisa acelerar os preparativos para a Copa de 2014, dizendo aos brasileiros que o torneio será "amanhã", e não "depois de amanhã".
"Se comparamos a África do Sul (que sediou a Copa em 2010) e o Brasil três anos antes da Copa do Mundo, o Brasil ainda não avançou tanto quanto a África do Sul em seus preparativos", declarou o dirigente da entidade que controla o futebol mundial.
O ministro, no entanto, disse que dos 12 estádios que serão construídos ou reformados para a Copa, 10 estão com obras em andamento. As únicas exceções são as arenas de Natal e São Paulo, principal candidata a receber a abertura do torneio.
"A indefinição aqui em São Paulo criou alguma insegurança para a Fifa, mas o empenho do prefeito e do governador, do Corinthians e de algumas grandes empresas brasileiras nos dão segurança de que também em São Paulo nós teremos uma boa solução", avaliou.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, se reuniram com a presidente Dilma Rousseff no final de fevereiro, quando deram a ela garantias de que o estádio a ser construído pelo Corinthians no bairro de Itaquera, na zona leste, ficará pronto a tempo, segundo o ministro."O governador e o prefeito foram claros, apontando que há um modelo que vai se basear em certificados de potencial construtivo em Itaquera que permitirá arrecadar recursos complementares ao que o Corinthians já mobilizou com a parceria privada", disse o ministro, acrescentando que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já recebeu consultas para o financiamento da arena em São Paulo e que as obras devem começar em "poucas semanas".
O ministro reiterou que não serão usados recursos públicos para as obras dos estádios da Copa.
"NOVELA" AEROPORTOS
Obras de infraestrutura, no entanto, são de responsabilidade dos governos federal, estadual e municipal, e estas sim preocupam o ministro.
"Eu já manifestei uma preocupação com relação a transportes, porque 70 por cento dos projetos de mobilidade urbana necessitam começar em 2011. Existe um cronograma, e o início destas obras será fundamental para o sucesso do Mundial", disse.
"A presidenta Dilma já fez contatos com alguns governadores e prefeitos quanto à necessidade de cumprir estes prazos para que o Mundial aconteça sem sobressaltos."
Orlando Silva comemorou as recentes mudanças na administração dos aeroportos do país. O governo federal criou na semana passada a Secretaria de Aviação Civil, que vai assessorar o Ministério da Defesa na coordenação e supervisão dos órgãos e das entidades ligadas ao setor de aviação civil.
"Nós sabemos que a questão dos aeroportos é uma novela de muitos capítulos, mas felizmente a presidenta Dilma já anunciou inovações na gestão, mudanças no comando da Infraero e isso vai repercutir positivamente para enfrentar um dos principais gargalos do Brasil", declarou.
Os aeroportos brasileiros estão saturados e são uma grande preocupação do país para a realização da Copa e também da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.