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Enquanto os principais líderes do governo e da oposição disputam publicamente quem foi mais eficiente para o Brasil, na ponta da campanha ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais auxiliares percorrem o país acelerando a liberação de convênios e a entrega de obras, no chamado "varejo político". A ação faz parte da estratégia definida pelo próprio presidente, durante a última reunião ministerial, há 15 dias, na qual instruiu seus auxiliares a ampliarem as ações de cada órgão e a defenderem publicamente o governo.

A estratégia tem três efeitos práticos. O primeiro deles serve para ajudar a impulsionar a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do governador de São Paulo, o tucano José Serra, embora venha crescendo. Cada convênio assinado ou obra entregue ajudam o governo a consolidar a candidatura da ministra nas cidades que foram beneficiadas pelas medidas.

O segundo efeito é o de reforçar a tentativa do presidente de consolidar uma espécie de legado junto à opinião pública. O presidente já repetiu para os auxiliares que teme um relaxamento da equipe durante o último ano de governo, especialmente quando os ministros que serão candidatos nas eleições deixarem seus postos em abril para iniciarem suas campanhas e as vagas forem ocupadas pelos secretários executivos.

O presidente quer que o governo continue funcionando, independentemente do período eleitoral, especialmente para melhorar seus indicadores econômicos e sociais.

O terceiro efeito beneficia os próprios ministros candidatos. Vários deles intensificaram suas ações nos Estados natais em busca de atrair mais eleitores para suas candidaturas.

No fim de janeiro e em fevereiro, não faltaram ações desse tipo sendo feitas pelos ministérios. Um dos alvos favoritos desse varejo têm sido as prefeituras. No dia 25 de janeiro, a Secretaria de Desenvolvimento do Centro-Oeste, subordinada ao Ministério da Integração Nacional, entregou convênios num total de R$ 60,5 milhões, beneficiando 55 prefeituras de Mato Grosso do Sul. Em 8 de fevereiro, 29 cidades de Alagoas assinaram convênios com a pasta para a compra de carros-pipa, no valor de R$ 8 milhões, como forma de combater os efeitos da seca no interior do Estado.

O ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) se desligará em abril para concorrer ao governo da Bahia e as medidas anunciadas em Alagoas e Mato Grosso do Sul ajudam seus aliados, como o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB).

Em 26 de janeiro, o ministro da Pesca e da Aquicultura, Altemir Gregolin, assinou convênios para o desenvolvimento da pesca em várias cidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Para Laguna (SC), são liberados R$ 1,2 milhão. Para Dom Feliciano (RS), saem R$ 414 mil.

Outro convênio, beneficiando quatro cidades gaúchas, libera mais R$ 2,2 milhões. Gregolin deixará também o cargo em abril e vai disputar uma vaga de deputado por Santa Catarina.

Ministros que não serão candidatos também têm cumprido a função para ajudar o governo e a campanha da ministra Dilma. O titular do Trabalho, Carlos Lupi, auxiliou a coordenar a adesão oficial de seu partido, o PDT, à campanha da ministra. Na sua pasta, ele tem acelerado as ações em vários Estados, mas atuando com força no Rio, de onde é originário.

Nos primeiros dias do mês, Lupi participou do lançamento do programa Próximo Passo, beneficiando 600 alunos em Duque de Caxias, no Rio. No mesmo dia, lançou no bairro da Gamboa, no Rio, o Plano Setorial de Qualificação (Planseq) dos Trabalhadores para a Indústria do Carnaval - Segmento Escola de Samba. O projeto capacita mais de 9.450 trabalhadores do Rio, de São Paulo, Santa Catarina, do Espírito Santo e Maranhão, com recursos no total de R$ 7,46 milhões.

Na Justiça, o ministro Tarso Genro deixou o cargo na semana passada para concorrer ao governo gaúcho. Durante sua passagem pelo ministério foi acusado pela oposição de priorizar a liberação de recursos para as cidades gaúchas, atrás de apoio político para 2010. O ministro e seus assessores rebatem as acusações afirmando que têm liberado verbas até para Estados administrados pelos partidos de oposição, como São Paulo. Só no ano passado, o ministério liberou R$ 14,4 milhões para o Rio Grande do Sul.

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