Três dos seis ministros mais próximos da presidente Dilma Rousseff manifestaram-se ontem sobre os protestos convocados para o domingo contra o governo em dezenas de cidades do país.
O titular da Defesa, Jaques Wagner, foi duas vezes ao Twitter. No fim da tarde, escreveu: “É triste ver como os fascistas destilam ódios nas ruas. E agora acredito que estão iludindo muita gente que progrediu nos 12 anos do nosso governo”.
O post seguiu o tom das frases publicadas pela manhã, quando Wagner, ministro responsável pela coordenação civil das Forças Armadas, comparou a mobilização atual à crise política do governo João Goulart que culminou em um golpe militar. “Tem uma parte da elite brasileira que sempre se escondeu atrás das justas reivindicações da população, da classe média”, afirmou Wagner. “Em 1964 foi assim. Muita gente de boa-fé foi pra rua contra o que se chamava o ‘terror do comunismo, da bagunça’. O resultado disso foi um período de governos sem regra democrática, o que é sempre um prejuízo.”
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, disse que “o governo vai tratar manifestações com respeito democrático e respeito da lei”. Já o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu que os protestos contra o governo não sejam uma “ação de ódio”.
“O governo tem essa tolerância com as pessoas que o criticam e gostaríamos muito que essas pessoas não fizessem uma ação de ódio, de raiva. Expressem suas ideias democraticamente, vamos nos tolerar”, afirmou.
Cardozo disse que as manifestações são legítimas, desde que pacíficas e com “respeito às regras democráticas”. “Ou seja, manifestam-se dentro da lei, dentro da ordem, respeitam-se as autoridades constituídas, afastam-se quaisquer posturas golpistas”, afirmou. “Tivemos uma eleição legitimamente feita, a democracia existe no país, não existem quaisquer razões jurídicas para que se mude esse quadro que está posto.”
O ministro reiterou o pedido por “tolerância”. “Pessoalmente tenho visto de todos os lados muita intolerância. A tolerância é um pressuposto da democracia. O que não podemos ter jamais é uma ação de ódio em que pessoas são estigmatizadas, atacadas pelo simples fato de pensarem ou de terem alinhamentos ideológicos e políticos”, afirmou.