Depoimentos ligando a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014 ao esquema de corrupção na Petrobras, por si só, podem não ser determinantes para cassar o mandato da petista, avaliam ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dois ministros da Corte ouvidos reservadamente consideram que falas de delatores da Operação Lava Jato podem ajudar as investigações eleitorais, mas são exigidas outras formas de prova para ligar a presidente ao escândalo.
Para integrantes do Tribunal, os depoimentos de delatores devem ser confrontados com provas documentais e falas de outras testemunhas para checar a veracidade das revelações. É preciso ter uma conjunção de provas – e não um só depoimento – para caracterizar o abuso de poder político e econômico e captação de recursos de forma ilícita na campanha de 2014.
O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foram ouvidos em junho em uma das ações que investiga a campanha da presidente e do vice-presidente Michel Temer (PMDB) de 2014. A maior expectativa recai, contudo, nas revelações que podem ser feitas pelo empreiteiro Ricardo Pessoa em depoimento marcado para o próximo dia 14. A solicitação para ouvir os delatores foi autorizada pelo corregedor-geral da Justiça Eleitoral, João Otávio de Noronha, relator da ação no TSE.
Temer nega crise política e diz que continua na articulação política
- brasília
Após a ameaça de deixar a articulação do governo, o vice-presidente Michel Temer adotou nesta segunda-feira (6) um tom conciliatório ao afirmar que não há crise entre Executivo e Legislativo e garantir que segue na função.
Apesar das derrotas recentes que o Planalto sofreu no Congresso, Temer garantiu que há amplo apoio da base aliada a Dilma Rousseff.
“Essa especulação [de sua saída] eu acho um pouco fora de prumo, porque o que se espera do vice é que sempre ajude na articulação política. Esteja eu designado pela presidente ou não, ajudarei sempre na articulação política do país, não tenha a menor dúvida disso”, afirmou.
Ele aproveitou ainda para minimizar a relação conflituosa entre Executivo e Legislativo, concluindo que “não houve dificuldades na relação” dos dois Poderes. “Várias vozes se manifestaram para revelar que todos os projetos mandados pelo Executivo foram aprovados”, afirmou.
Crise política
Temer falou ainda que a presidente Dilma está tranquila. “[O impeachment] É algo impensável para o momento atual. Eu vejo essa pregação com muita preocupação porque não podemos ter, a esta altura, em que o país tem uma grande repercussão internacional, uma tese dessa natureza sendo patrocinada por vários setores. Temos que ter tranquilidade institucional.”
O peemedebista também rebateu a fala do presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), que afirmou neste fim de semana que o partido se prepara para, em breve, deixar de ser oposição e passar a ser governo, em alusão a uma possível queda da presidente. “Esse em ‘breve’ nós todos esperamos que ele esteja falando de daqui a três anos e meio, quando haverá novas eleições”, disse.
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